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enveredará por esta seara
2
. Desse modo uma segunda fase dessa divulgação
aconteceu bastante centrada na produção cafeeira existente, com o propósito de
mostrar, além da produtividade da terra roxa, o quão fácil era enriquecer em Londrina,
a cidade-menina onde se pisava em dinheiro
3.
Essas propagandas a fim de promover
o empreendimento da Companhia de Terras e a cidade de Londrina atraíram um
grande número de pessoas interessadas em obter o sucesso em um curto período.
Tanto o é que em duas décadas a população londrinense aumentou mais de 800%
(BONI, 2009). Essas pessoas – apenas algumas – serão, de maneiras diversas,
entendidas enquanto pioneiras da cidade. Alhures, voltaremos a essa problemática do
pioneirismo.
A CTNP fez um planejamento urbano para a – então pequena – cidade de
Londrina em 1932, sob a égide do topógrafo russo Alexandre Razgulaeff. Nesse
planejamento havia a reserva de um espaço para o Cemitério Municipal já nos limites
da cidade, seguindo a concepção higienista que apregoava o afastamento da
necrópole em relação às residências e aparelhos urbanos. Oitenta anos depois o
Cemitério São Pedro está incrustrado no coração da cidade e é ladeado por
importantes avenidas da cidade: Professor João Cândido, Alagoas, Rio de Janeiro e
Juscelino Kubistchek, localizando-se nesta última o seu portão principal.
O São Pedro é também a necrópole mais antiga do perímetro urbano da
cidade, permanecendo até o ano de 1964 como o único local para sepultamentos em
Londrina. Essa data marca a inauguração do Cemitério João XXIII, nas proximidades
do centro. O Cemitério São Pedro conta uma área de 46,255 m², onde, com o passar
de oito décadas, somam-se mais de 7 mil jazigos e 40 mil enterros. No imaginário
popular o Cemitério permanece enquanto um lugar de memória social e familiar. Por
ser o primeiro e por um longo tempo ter sido o único cemitério urbano, um grande
número de famílias londrinenses tem lá seus jazigos e mausoléus. Algumas
personalidades locais estão lá sepultadas, pessoas que tiveram seus nomes indicados
para o batismo de ruas, praças e avenidas da cidade, o que aumenta o simbolismo e a
importância da necrópole para a sociedade londrinense. Muitos dos pioneiros da
época da formação da cidade estão lá sepultados, e é sobre eles que nos deteremos
na análise.
2
Faz-se importante esclarecer que nesse período Prefeitura Municipal e Cia. De Terras
estavam irmanadas, haja vista que o primeiro prefeito eleito, Willie Davids, era também diretor
da CTNP.
3
Sobre as representações e discursos acerca do processo de formação da cidade de Londrina
é leitura obrigatória os clássicos trabalhos: ARIAS NETO, José Miguel
. O Eldorado
:
Representações da política em Londrina: 1930 – 1975. Londrina: EDUEL, 1998; e ADUM,
Sonia M. S. L.
Imagens do Progresso
: Civilização e Barbárie em Londrina 1930/1960. 1991.
256 f. Dissertação (Mestrado em História e Sociedade) – Faculdade de Ciências e Letras, Univ.
Estadual Paulista, Assis, 1991.