ações narradas em uma crônica são rápidas e o escritor precisa de agilidade para poder
anunciá-las. Justamente, a brevidade define “O milagre das folhas”, como se pode ver.
Por suas nuances mais prementes, a crônica é dos textos mais indicados para a
sala de aula por aqueles que se voltam para o ensino de literatura. Algumas coletâneas
tem se destacado no cenário editorial brasileiro por tentarem atender de modo
qualitativo e quantitativo essa demanda. Entre elas, destaca-se
As cem melhores
crônicas brasileiras
(2007), volume organizado por Joaquim Ferreira dos Santos.
A obra contém textos de 62 escritores brasileiros, organizados em blocos
cronológicos. Esses blocos constituem oito capítulos que dividem a obra: “De 1850 a
1920: o cronista entra em cena e flana pela cidade”; “De 1920 a 1950: com a bênção dos
modernistas de bermudas”; “Os anos 1950: a década de ouro de uma geração de
craques”; “Os anos 1960: discursos na rua, humor nas páginas”; “Os anos 1970: longe
daqui, aqui mesmo”; “Os anos 1980: sexo e assombrações”; “Os anos 1990: a vida
privada virou uma comédia”; “Os anos 2000: próxima estação, internet”. A distribuição
das crônicas em blocos temporais não reduz a significação dos textos, antes soma à
vantagem do texto curto, de feições voláteis, os blocos temáticos que podem chamar a
atenção pelos assuntos que acenam ao leitor mais jovem. A divisão por décadas também
traz para o público escolar a possibilidade de ruptura de estereótipos de leitura,
propiciando um espaço potencialmente mais favorável ao diálogo entre leitores dos anos
2000 e textos de 1850 ao início do século XXI.
Cada capítulo da coletânea é antecedido por um breve texto que situa
historicamente o leitor e explica o conteúdo da produção organizada no referido bloco.
Essas introduções dialogam entre si e formam um todo que, ao se dirigir ao leitor,
auxiliam na compreensão do gênero lido ao longo do tempo histórico identificável tanto
nos dados explícitos, quanto no enredo dos textos da seleção de crônicas. Enfim, a obra
exibe um panorama de textos cuja atualidade permite o diálogo com o leitor e sua
realidade. O livro se encerra com as referências bibliográficas das obras integrais das
quais as crônicas foram extraídas, acenando ao jovem leitor a possibilidade de encontrar
o mesmo prazer da leitura nas fontes utilizadas para o volume em questão.
Quanto aos textos, o jovem, ao interagir com a obra, encontra temas diversos,
polissêmicos, críticos, irônicos, poéticos e capazes de remetê-lo a outros textos literários
de diferentes escritores, brasileiros e estrangeiros. Machado de Assis (1839-1908), João