debate sobre o tema. Uma vez que é por meio da capa que o leitor tem o primeiro
contato com as matérias publicadas no exemplar. No caso do
Jornal de Letras, Artes e
Ideias
, na capa encontram-se informações úteis para a contextualização do periódico
(direção, preço, número, periodicidade) e para o conhecimento dos assuntos que
ganham relevância no respectivo número. Tanto a chamada das matérias quanto as
ilustrações e fotos representam a tentativa do jornal em estabelecer uma temática para
aquele número do periódico. O
corpus
do trabalho é composto pelas capas das primeiras
semanas do
JL
do período de 1990 a 2000 que tenham a Literatura Portuguesa como
destaque.
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Em relação ao apoio teórico, recorre-se aos estudos de Bakhtin, principalmente,
aos conceitos de dialogismo e gêneros do discurso. Além do respaldo teórico de Golin
(2009) e Anchieta (2009) para tratar da prática jornalística.
Fundamentos teóricos
Apresentar o gênero capa de jornal na perspectiva dialógica da linguagem exige
algumas considerações. A primeira consideração diz respeito à ideia de gênero do
discurso, dentro do pensamento bakhtiniano, que só têm sentido se articulada com
outros termos, outras categorias, outras noções que lhe conferem sentido específico,
diferenciado de qualquer outra corrente teórica. Esse é o caso, por exemplo, dialogismo,
interação verbal, enunciado, linguagem, contexto comunicativo, para restringirmos a
apenas alguns.
A segunda consideração é que do ponto de vista da distinção entre os estudos de
Bakhtin sobre os gêneros e a mais difundida teoria dos gêneros, a de Aristóteles, parece
relevante frisar que Bakhtin propõe uma alternativa para o rigor aristotélico, apoiando-
se no dialogismo do processo comunicativo. Os estudos literários valeram-se durante
muito tempo do rigor da classificação aristotélica, que classifica os gêneros como obras
da voz tomando como critério o modo de representação mimética – épico, lírico,
dramático. O surgimento da prosa narrativa impulsiona novos parâmetros de análise das
formas interativas concretizadas no discurso. A partir dos estudos de Bakhtin, a
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Das onze capas que inicialmente formaram o
corpus
deste trabalho, três foram descartadas
(números 443, 684 e 710) porque não tinham relação com o tema do artigo: a Literatura Portuguesa.