revelam que este autor afirma, na verdade, que a sociedade deve privilegiar os mais
fortes como condição primeira para a existência de uma super-humanidade que afirmará
em todos os homens a presença do divino.
Em
A sangue frio
, texto trazido por um dos jurados, Truman Capote explorou a
hereditariedade e o meio como fatores a determinarem o caráter humano. Perry Smith,
um dos assassinos, diz pertencer a uma família de alcoólatras, suicidas e loucos, e
acrescenta que podem ter vindo dessas pessoas os genes de seu desregramento. Além
disso, na prisão, Perry e Hickock encontraram, não o sistema correcional almejado pelo
governo, mas sim uma ambiência deletéria (meio naturalista) que os levou,
posteriormente, a assassinar toda a família Clutter.
Na ficção santareniana, a hereditariedade também parece ser um dos fatores
responsáveis pela existência do indivíduo assassino. Orfeu, segundo seu advogado,
sofreu maus tratos de sua tia e desta parte da família pode ter herdado sua violência
assassina. Eurídice, segundo a avó, herdou da mãe prostituta, a perversidade.
Acrescentamos ainda que Orfeu frequentou casas de correção e nesse meio danoso
conviveu com os crimes que cometeria posteriormente: a pedofilia, o homossexualismo
e o homicídio.
A questão naturalista também é utilizada por Orfeu quando ele, pautando-se na
filosofia nazista, escolhe como vítimas os que pertenceriam às “raças inferiores” (judeus
e negros) e à categoria de homens que sofrem de um “distúrbio fisiológico” (os
homossexuais).
No enredo da ficção santareniana, alguns jurados veem no Naturalismo a
explicação possível para a criminalidade de Orfeu e Eurídice. Em
O inferno
, a
existência de máculas genéticas e sociais nos assassinos é apontada pelo quarto, sexto,
sétimo e oitavo jurados como fator responsável pela formação dos “amantes
diabólicos”.
Observamos que o primeiro, o segundo e o quinto jurados veem Orfeu e Eurídice
com olhares católicos. Para eles, os assassinos são pessoas em que habita uma força
maligna que os guiou ao pecado e os afastou do Paraíso divino.
Nos intertextos trazidos a
O inferno
, não teremos o pensamento religioso como
forma de compreender o mal e a existência de assassinos, mas sim uma visão a mostrar