psicológicos, etc.) sugeridos conforme a linha de trabalho do grupo e a abertura que a
própria obra literária fornece a esses especialistas. Para essa crítica universitária (a qual
temos chamado de grupo institucional), o romance literário deve ser analisado,
interpretado e classificado segundo um modelo que indique os critérios de se denominar
uma obra de “clássica” e não de “moderna”, de “romântica” e não de “realista” – sendo
preferencialmente “isso” ou “aquilo” e não categoricamente “isso” ou “aquilo” –,
mostrando ao seu público acadêmico (alunos e professores) determinados modos de
classificação, formas de análise, maneiras de interpretar que estabelecem quase sempre
as preferências classificatórias que uma obra pretende ser. Isso nos leva a questionar:
Quem disse? A obra ou a crítica?
Encaminhamentos finais
A constituição de um grupo de críticos universitários, oficialmente admitido pela
universidade para pronunciar determinada crítica sobre a obra (literária, filosófica,
sociológica etc.), nos faz pensar em uma esfera da atividade humana relacionada com a
utilização da língua que se coloca como especialista da leitura acadêmica: a crítica
universitária. A crítica universitária possui uma linguagem especializada perante uma
obra que circula na academia e as críticas que são produzidas por meio do estudo dessas
obras só podem ser contestadas (tomadas de respostas e réplicas) por outro grupo
(também institucionalizado) de críticos que não compartilha da mesma linha de
pensamento para formalizar a crítica da obra. Essa questão acrescenta-nos uma
problematização, em termos bakhtinianos, que perpassa a relação dialógica no que diz
respeito à legitimação e institucionalização do saber crítico na universidade via réplica
da crítica.
De acordo com Bakhtin (1992, p. 298),
A obra, assim como a réplica do diálogo, visa a resposta do outro (dos outros), uma
compreensão responsiva ativa, e para tanto adota todas as espécies de formas: busca
exercer uma influência didática sobre o leitor, convencê-lo, suscitar sua apreciação
crítica, influir sobre êmulos e continuadores, etc. A obra predetermina as posições
responsivas do outro nas complexas condições da comunicação verbal de uma dada
esfera cultural. A obra é um elo na cadeia da comunicação verbal; do mesmo modo que
a réplica do diálogo, ela se relaciona com as outras obras-enunciados: com aquelas a
que ela responde e com aquelas que lhe respondem, e, ao mesmo tempo, nisso
semelhante à réplica do diálogo, a obra está separada das outras pela fronteira absoluta
da alternância dos sujeitos falantes.