crítico-literário universitário
somente opera-se no universo ao qual foi designado – à
academia e àqueles que participam dela, especialmente os membros dos departamentos de
Letras –, justamente porque não poderá ser compreendido por destinatários que se
encontram fora desse domínio de saber. Esse debate acentua mais fortemente o caráter de
autoridade de um dizer sobre um outro dizer, o que não significa que um destinatário que
esteja fora do universo de Letras não poderia comprazer-se com a leitura de uma obra de
James Joyce, no entanto, isso dificilmente ocorrerá se esse mesmo destinatário ler um
artigo crítico-literário acadêmico sem o conhecimento sobre alguns elementos: correntes
literárias, formas de análises, teorizações. Por isso, podemos falar em
especificidade
e a
consequente
sofisticação
do discurso da crítica literária universitária e,
consequentemente, de sua réplica.
Voltemos um pouco na discussão inicial e busquemos, pois, “o primeiro e mais
importante dos critérios de acabamento do enunciado” (BAKHTIN 1992, p. 299), tal
seja “a
possibilidade de responder
– mais exatamente, de adotar uma atitude responsiva
para com ele” (
idem
,
ibidem
). Notamos, assim, que a totalidade acabada do enunciado
crítico proporciona a possibilidade de réplica (de o autor compreender de modo
responsivo a crítica a ser respondida) sendo determinada por três fatores
indissociavelmente ligados no todo orgânico do enunciado: i)
o tratamento exaustivo do
objeto do sentido
; ii)
o intuito, o querer-dizer do locutor
; iii)
as formas típicas de
estruturação do gênero do acabamento
.
Nesse domínio de análise pontuamos que tanto as réplicas construídas por
Foucault (2006, p. 316-325) direcionadas às duas críticas – do professor Pelorson
(1970) e do jornalista Steiner (1971) –, como a réplica estabelecida por T. S. Eliot
(1959) em defesa da obra
Ulysses
(1921) de James Joyce em razão da crítica do
professor Aldington (1920), fundamentam-se a partir de situações discursivas que as
inserem na cadeia da comunicação verbal. Logo, tentamos situar a réplica como uma
construção discursiva que busca, em primeira instância, legitimar um dizer no espaço
institucional acadêmico sendo este um tema, como foi possível observar neste curto
espaço, com múltiplos desdobramentos que não se encerram com este texto. Vida às
réplicas!
Referências Bibliográficas