LEITURA, UMA PRÁTICA INTERSEMIÓTICA.
Aline Rezende Belo ALVES.
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Resumo:
Com o objetivo de se pensar a leitura em uma dimensão mais ampla que a
compreensão de textos verbais, levanto a hipótese da leitura de partituras musicais para
apreender discursos concretizados pela música. Como corpus, escolhi três partituras
pertencentes a formações discursivas distintas - um canto gregoriano, uma música de
Bach e uma obra de Beethoven – a fim de observar estruturalmente o que era possível
ser enunciado por meio de comparação. O fato de fazer referência a formações
discursivas distintas permite observar na música, assim como nos textos linguísticos, a
existência do permitido, do não dito, do entrecruzamento e a influência das formações
discursivas entre si, além disso possibilitar-nos traduzir os discursos que atravessam a
sociedade. Para reflexão de tal hipótese, os conceitos de Foucault e Maingueneau, entre
outros, serão ativados dentro de uma perspectiva que considera discurso toda atividade
de produção e recepção de sentidos entre sujeitos.
Palavras-chave:
Leitura. Discurso. Música. Enunciado. Formação Discursiva.
Considerações iniciais
Este texto tem a intenção de verificar a possibilidade de se utilizar o termo
leitura em uma dimensão mais ampla do que aquela referente aos textos linguísticos
mesmo sem limitar a decodificação, ou seja, é possível falar em leitura de “textos
musicais” em uma perspectiva discursiva?
Há muito, o termo leitura é utilizado pelos músicos quando referente à leitura de
partituras enquanto decodificação dos signos musicais o que me fez refletir sobre sua
sinonímia. Apesar das visíveis diferenças entre os dois grupos de signos, é possível
fazer uma aproximação entre eles, pois ambos são códigos compostos por sinais que
carregam significados e podem assumir novos significados dependendo das
combinações entre si e das situações de enunciação. Pretendo, portanto, fazer uma
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PPGL: Programa de Pós-graduação em Letras Lingüística. Faculdade de Letras da
UFG,