performance daquele que faz a leitura oralizada, a peça musical contará com aquela
sequência musical que poderia ter sido outra e com a interpretação e sensibilidade
daquele que fará a execução da peça musical.
Um último ponto que será aqui objetivado é a sócio-historicidade da música. Os
discursos musicais vão se constituindo sob regularidades que são, muitas vezes,
controladas por instituições sociais que representam formações discursivas específicas
em determinado momento histórico que permitirão, ou não, a erupção de determinados
enunciados em detrimento a outros. Esta sócio-historicidade da música fica mais
perceptível quando observamos peças pertencentes a gêneros musicais, pois assim como
os textos verbais, os textos musicais - peças - apresentam-se em gêneros. Tendo feito
tal afirmação é preciso delimitar a utilização do termo gênero neste trabalho. Não será
aqui considerada a vertente da
teoria dos gêneros textuais
por sempre haver nela uma
finalidade descritiva textual que distancia seus métodos do método sociológico
bakhatiniano. Aqui a palavra gênero equaciona-se a forma de discurso (social), forma da
enunciação e subordina-se às formas da comunicação: verbal, imagética e imagética em
uma perspectiva sócio-ideológica. Portanto, neste trabalho, gênero é forma (de discurso,
de enunciação) que implica uma relação de dependência entre as formas de atividade e
gêneros do discurso. (Bakhtin, 2006)
Ainda seguindo a mesma linha bakhatiniana, observo uma correlação da análise
feita por Bakhtin em relação ao fato de os elementos das estruturas comunicativas e
semióticas serem compartilhadas pelos textos pertencentes a um mesmo gênero, ou seja,
apresentarem uma forma específica e as configurações, por sua vez, carregarem traços
da posição enunciativa do locutor e da forma composicional. Nessa perspectiva, as
dimensões dos gêneros são “determinadas pelos parâmetros da situação de produção dos
enunciados e, sobretudo, pela apreciação valorativa do locutor a respeito dos(s)
interlocutor(es) de seu discurso”. (Bakhatin, 1999). Portanto, uma vez que o conceito
Bakhtiniano considera que gênero é uma prática social com características que tipificam
os textos, correspondendo às condições específicas que surgem dentro daquela área, é
este que será considerado ao analisar as partituras sócio-historicamente como textos