teórico. Se fizéssemos isso, hoje, com a carta de Eça “A Bento de S.”, possivelmente, os
nossos leitores elegeriam o autor português como moço da crítica jornalística, como um
escritor atuante e atual do século XXI e da imprensa (mídia) moderna.
Comecemos por traçar as tangentes entre ambos os textos relacionados pela
temporalidade, fiquemos em um primeiro momento com o de Eça.
O tempo passou, a carta a Bento de S. ficou. Assim é Eça, através de Fradique. O
enunciado inicial da
carta pode ser visto como um ato de fala ilocutório e performativo,
cuja afirmação será demonstrada através deste texto
.
“A tua idéia de fundar um jornal é daninha e execrável” (QUEIROZ, s/d). A partir
desse enunciado,
o destinador Fradique Mendes irá demonstrar a sua afirmação a Bento
de S., o destinatário.
O referente principal dessa carta é o jornal. Para compô-lo, o destinador inclui fios
(informações), para formar o tecido discursivo, pressupondo-se que estes serão úteis ao
pretendente a dono de jornal.
O autor da carta a Bento de S. torna-se enfático em outra carta dirigida ao Sr. E.
Mollinet, na qual também condena o procedimento da imprensa. Os pecados negros que
aparecem na carta a Bento de S. já estão implícitos na carta ao “Sr. E. Mollinet”: “os
juízos ligeiros, a vaidade e a intolerância” (QUEIROZ, s/d).
Fradique já possuía experiência em relação à imprensa, não só quando escrevia para a
Revista de Portugal, mas também quando acompanhou e assistiu à divulgação e à veneração
do “imenso talento” de Pacheco “tão carpido” pela imprensa e Nação Portuguesa.
Ele considera esse ponto de vista sobre a imprensa, de certa forma, pelos males sociais,
pois mitifica o falso e boicota o verdadeiro. Daí o verbo semanticamente forte, que usou
– “enraizou”. Pelo que se entende, plantou tão profundamente tais idéias, que ela se
aprofundou, se ramificou e acabou por dar frutos. Por isso que a imprensa é hoje o que
é: superficial, sectária.
Os juízos ligeiros estão presentes, no cotidiano, em conclusões apressadas, em
divulgar um boato ou um novo livro que surge. O espírito de veracidade e de pesquisa
tinha sido esvaziado pela imprensa.
A carta a Bento de S. expõe tal idéia ao contar como um inglês rotulou os
franceses como “porcos e ladrões...” Porquê, meu Bento? Porque em casa de seu sogro