A Linguística da Enunciação teve como precursor o russo M. Bakhtin, que
pensava que “apenas através da enunciação que a língua toma contato com a
comunicação, imbui-se do seu poder vital e torna-se uma realidade (Bakhtin, 1998, p.
154). Mas foi com o linguísta francês Emile Benveniste que a teoria ganhou impulso,
com os estudos relacionados à subjetividade da língua e o estabelecimento da oposição
entre linguística de formas e de enunciação.
Benveniste, em seus estudos relacionados à subjetividade linguística e
enunciação, começou a verificar quais os mecanismos que tornam possível que a língua
assuma o papel interacional, definindo assim que a enunciação torna possível “colocar a
língua em funcionamento” (BENVENISTE, 1976, p.82). Segundo Koch (1998, p.18):
através do estudo dessas formas (...) Benveniste comprova sua tese da subjetividade na
linguagem. Com seus trabalhos, ganha impulso a Teoria da Enunciação, que vai ter um
grande desenvolvimento, particularmente na França, onde diversos lingüistas passam a
estudar outras marcas da presença do enunciador nos enunciados por ele produzidos.
Numa situação de interação comunicativa, existem os protagonistas da
enunciação, onde o locutor coloca-se como o sujeito e locutor e institui o outro como
interlocutor, de acordo com Koch (1998, p.15) “é uma enunciação que pressupõe um
locutor e um ouvinte e, no primeiro, a intenção de influenciar o outro de alguma
maneira. A lingüista faz observações também em relação ao tempo do enunciado,
descrevendo como o presente o tempo da fala, o passado a memória ou história e o
futuro como os efeitos produzidos. Em relação ao uso dos tempos verbais, Segundo
Koch (1998, p. 15):
caracteriza a história o uso do
“passe simple”
(pretérito perfeito simples) e dos
pronomes da não-pessoa; também pertencem à ordem da história o imperfeito, o mais
que perfeito e o futuro do indicativo. Os termos característicos do discurso são o
presente, o
“passe composé”
(nosso pretérito perfeito composto), o futuro do presente.
Comuns aos dois planos são o imperfeito e o mais-que-perfeito, tanto em formas de 1ª e
2ª, como de 3ª pessoa.
Dado o caráter interacional da linguagem, nosso objetivo quando nos
comunicamos é influenciar o outro, desenvolver a força argumentativa de nosso
discurso a fim de orientar as conclusões e reações de nosso interlocutor. As marcas
lingüísticas da enunciação tornam possível que isso aconteça. Além dos elementos
gramaticais, que toda língua possui, temos os elementos denominados “modalizadores –