que costumam transitar entre a Semiótica e a Teoria musical. Considerar o sincretismo
das linguagens verbal e musical é apreender sentidos do plano de expressão e plano de
conteúdo das duas semioses. Dessa forma, o trabalho com a canção não pode
privilegiar exclusivamente o aspecto verbal e menosprezar as peculiaridades da
linguagem musical. A atribuição e construção de sentidos textuais devem referir-se a
um mundo real: considerar situações comunicativas num contexto social, cultural e
artístico.
Por isso, este estudo irá além. Haverá a preocupação de desvendar a
significação do texto, observando a intencionalidade junto ao Percurso Gerativo de
Sentido, contribuindo para a interpretação da canção por quem irá entoá-la. Este texto
sincrético já está à porta da escola, uma vez que a Lei nº 11.769/08 que inclui a música
como componente curricular no ensino básico já está em vigorando em diversos
estabelecimentos de ensino. Considerando a realização de projetos interdisciplinares
entre as disciplinas de Língua Portuguesa e Música que poderão ocorrer por meio da
interpretação de canções, este trabalho tem o intuito de apresentar uma análise da
canção da MPB “Vou deitar e rolar”, de Baden Powell e Paulo C. Pinheiro, para
demonstrar o percurso gerativo de sentido emergido do texto a fim de exibir uma
possível interpretação oriunda da manifestação sincrética das linguagens verbais e
musicais.
A semiótica
A análise da canção terá como arcabouço a teoria semiótica desenvolvida por
A. J. Greimas. Seu objetivo é explorar o sentido e descrever a significação dos textos.
Por texto, entende-se tudo o que contém significação. Esses textos podem ter outra
linguagem além da verbal, como é o caso da canção: ela é um texto composto por uma
materialidade sonora e uma materialidade lingüística, sendo um texto sincrético.
Conforme Monteiro são chamados textos sincréticos aqueles que usam diferentes meios
de expressão e atuam simultaneamente. “A canção por utilizar da palavra e da música,
constitui um texto sincrético” (MONTEIRO 2005, p.44) e requer uma percepção
melódica, harmônica, rítmica, para que seja analisada com um mínimo de profundidade
e propriedade.