Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 98

histórica a fim de pensar discursivamente as redes de imagens que constituem a cultura
e o imaginário de uma sociedade (GREGOLIN, 2008, p . 21).
Para Courtine (2009), o pós-guerra de 1960 contribui para a volta do estudo da
semiologia, para colocá-la em evidência, uma vez que coincidiu com a evolução das
telecomunicações nas mídias de massa. De acordo com o autor, além dos sons da
linguagem, as mídias de massas veiculam imagens, antes veiculadas apenas pelo cinema
e de forma restrita e descontínua; e o que era restrito, agora é posto de forma universal e
contínua pela mídia. Era o momento de compreender o funcionamento das imagens
enquanto signos, destaca o autor. Para esse estudioso, o sujeito está inserido nesta
sociedade líquida sob o fluxo contínuo dos sons e das imagens.
O estudioso francês, ao propor a noção de semiologia, não se guia pelos estudos
semiológicos estruturais
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, uma vez que, segundo Gregolin (2008, p. 29): “Courtine
ressalva que é necessário pensar o não-verbal em seu funcionamento discursivo, em sua
materialidade na História.” Foi buscando olhar o não-verbal enquanto materialidade
histórica que ele propôs o termo semiologia histórica: “eu conservava o termo
‘semiologia’ e, com ele, a problemática do signo.” (COURTINE, 2009). Com esse
projeto, Courtine investiga sobre o que produz signo e sentido no campo do olhar
(imagem, expressão, gesto); ele interroga sobre a historicidade das imagens produzidas
socialmente, não se fixando apenas na estrutura do signo, como propunha Saussure.
Trabalhar com a noção de semiologia histórica de Courtine nos faz pensar que as
imagens possuem um valor intrínseco, com traços que diferenciam umas das outra. Ou
seja, existe um princípio semiológico, um valor que singulariza uma imagem de outras
imagens. Isso pode ser visto, por exemplo, nos conjuntos de expressões, de gestos que
foram produzidos na história e são reconhecidos como possuindo um valor, um sentido
social. Esse princípio semiológico advém dos estudos realizados por Gisburg e que
inspiraram Courtine a ver esse princípio semiológico nos gestos, nas vozes, nas
representações imagéticas, os quais possuem um valor. Isso se baseia na ideia de que o
valor não é algo intencional e subjetivo, mas algo construído historicamente. A partir
dessa noção, podemos dizer que a imagem tem sua identidade, seu valor, que permite
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Tal como era feito por Barthes, que se pautava em uma abordagem estruturalista, compreendendo as
outras materialidades como uma continuação do signo linguístico conceituado por Saussure.
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