Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 94

contemporânea brasileira. A produção de identidade para o sujeito masculino passa pela
imagem e isso não pode ser esquecido. Neste sentido, o objetivo do presente artigo é
analisar as imagens as quais produzem sentidos sobre a identidade do novo homem.
Essas construções imagéticas que vemos surgir sobre o tema discutido passa pelo o que
a corrente teórica denominada Análise do Discurso de linha francesa, em seus estudos
recentes, está chamando de a ordem do olhar. Tal conceito é amparado nos pressupostos
do filósofo francês Michel Foucault, o qual defende que os discursos, para circularem,
obedecem a uma ordem que controla o dizer, não sendo possível circular livremente nas
diversas instâncias enunciativas. De acordo com Foucault (2006), o discurso para ser
distribuído socialmente, passa antes por um processo de seleção, interdição, sendo
autorizado por sistemas sociais de controle e distribuição. E assim como há o controle
do dizer, isto é, uma ordem para o que deve ou não ser dito, há também um controle do
olhar: nem tudo pode ser representado imageticamente, é preciso também que as
imagens se submetam a essa ordem do olhar, que controla essas representações.
Desse modo, vemos que há instituições que regulamentam o que produzir nessa
ordem do olhar. Isso porque essas imagens não são construídas a partir de intenções
individuais que o sujeito faz da realidade em que está inserido; elas são edificadas a
partir do momento sócio-histórico que permitiu que se olhasse para o nosso tema, o
novo homem, de uma forma diferente de tempos atrás.
Além da ordem do olhar de que estamos tratando, as imagens que circulam sobre
o novo homem nos permitem vislumbrar também, que há regularidades que as
singularizam, isto é, em meio à dispersão de imagens que circulam na mídia, é possível
encontrarmos similaridades as quais evidenciam pontos de contatos entre as
materialidades imagéticas. A nosso ver, isso pode ser discutido sob a luz do conceito de
regularidade enunciativa de que fala Michel Foucault em seu livro
A Arqueologia do
Saber
(2004).
Do enunciado linguístico ao enunciado imagético
Michel Foucault, em sua fase arqueológica, buscou compreender a emergência
dos discursos na sociedade e as regularidades que singularizavam os enunciados. No
entender do referido filósofo, no movimento da história, diversos enunciados se formam
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