Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 799

Formulamos essas hipóteses em termos de quatro fatores que influenciam o uso
de
sequências narrativas
nos textos analisados.
Se for verdade que
presumidos sociais
constituiriam o fator decisivo para o
aparecimento das mencionadas sequências, isso não nos impede de levantar, ainda,
quatro fatores menores que também julgamos serem pertinentes para a explicação do
fenômeno. São eles: a) a coletânea e as instruções dadas na prova como recurso
dialógico a textos de referência imediata; b) os saberes provenientes da
educação
não-
formal
e
informal
(AFONSO, apud VON SIMON, PARK e FERNANDES, 2001) como
recurso dialógico sujeito a mediações de vária ordem; c) a construção, como recurso
argumentativo, de uma imagem de candidato adequada ao perfil de aluno esperado pela
universidade; d) a articulação dos fatos por meio de relação de causalidade como
recurso adequador a uma visão de história proveniente da
educação formal
.
O primeiro desses fatores é o mais visível de todos e está forçosamente presente
nos textos dos vestibulandos, pois a prova de redação é, ao mesmo tempo, uma prova de
leitura, já que a leitura proposta no ato do exame, aí incluídas a da coletânea e das
instruções, está embutida nos critérios de avaliação. No vestibular FUVEST/2006, a
coletânea apresenta apenas as seguintes expressões referenciais de tempo: “há algumas
décadas”, “hoje”, “em 1501”, “quatro anos mais tarde”. A baixa ocorrência dessas
expressões nos textos disponíveis no ato do exame não resultou, porém, em percentual
mais baixo de ocorrências nos textos do
corpus.
Em outras palavras, o fator “coletânea e
instruções” não foi decisivo para a ocorrência de textos total ou parcialmente
estruturados por arranjos temporais, como mostram os casos dos
Tipos I, II e III
para o
conjunto das redações do
corpus
, e, em especial, para aqueles produzidos por
candidatos com curso preparatório para o vestibular.
O segundo desses fatores pode ser apreendido principalmente por meio das
noções de
tempo
provenientes da educação não-escolar com que o aluno entra em
contato. Nesse campo dos saberes
informais
e
não-formais
, os eventos
cronologicamente situados da “História oficial” são, com freqüência, discursivamente
situados num passado mais remoto. No exemplo que se segue, encontramos não só um
hibridismo de referências temporais típicas de conteúdos escolares (referência ao tempo
presente como conseqüência de eventos passados) e de saberes estranhos a esse meio
(passagem de tempo marcada por “mais tarde”), mas também uma tentativa do
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