Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 795

Corrêa (2011), esse presumido não se confunde com os elementos que caracterizam a
estabilidade relativa dos gêneros; não é, portanto, o já estabelecido para o gênero do
ponto de vista da sua estabilidade relativa, mas diz respeito ao que, em seu caráter
dinâmico, “fala junto com” aqueles elementos. Assim sendo, o
presumido social
ultrapassa as determinações formais de sentido (construção composicional, estilo e
tema
5
), pois pode fazê-las dizer mais (ou menos) do que se suporia em função,
estritamente, de sua organização verbal. Desta maneira, ao se propor redefinir os
aspectos “ocultos”,
eles seriam tomados, de uma perspectiva discursiva, como índices
de um
presumido social
, o que, no presente trabalho, se exemplifica, em textos de pré-
universitários, pelo uso das
sequências narrativas
na produção do texto dissertativo,
fato, no entanto, em geral, contra-indicado no próprio ensino da escrita. Sobre este
ponto, é importante lembrar que não se trata de uma equivalência de termos, mas de
uma redefinição, pois se há diferenças entre a relação com o sujeito empírico que
produz linguagem nas perspectivas discursiva e etnográfica, o modo de constituição do
sujeito e o modo de produção do sentido serão igualmente distintos.
Estabelecidos esses pontos teóricos básicos, organizamos a exposição da análise
do material em dois momentos: recuperando dados da pesquisa anterior de Soster
(2009) e reinterpretando esses dados segundo o que propõe Corrêa (2011).
Sequências narrativas
em dissertações
Neste ponto, detemo-nos na investigação mais particularizada de possíveis
fatores que levam à ocorrência das
sequências narrativas
em textos dissertativos,
caracterizando um
presumido social
sobre o gênero redação de vestibular, produzido, no
nosso caso, como redação de vestibular.
A respeito do material, foi feita uma seleção de 50 redações que seguiu dois
critérios que buscaram contemplar a
educação formal
6
dos escreventes: a) todas as
5
Embora o tema seja visto normalmente como determinante de sentido, Corrêa também o entende como
um determinante formal.
6
Em texto de 1989, Afonso distingue três tipos de educação: “formal”, “informal” e “não-formal”. Por
“educação formal” entende o “tipo de educação organizada com uma determinada sequência e
proporcionada pelas escolas”. Por sua vez, “educação informal” designa “todas as possibilidades
educativas no decurso da vida do indivíduo, constituindo um processo permanente e não organizado”.
1...,785,786,787,788,789,790,791,792,793,794 796,797,798,799,800,801,802,803,804,805,...1290
Powered by FlippingBook