Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 798

Quanto aos tipos intermediários, podemos descrevê-los resumidamente: o
tipo II
aproxima-se do
I
pela ordenação dos fatos no tempo, mas difere dele pela
predominância dos tempos verbais recomendados pela escola (
presente
e
futuro do
presente do indicativo
), além disso, é muito comum o encadeamento dos argumentos
por meio de relações de causa/efeito; já o
tipo III
aproxima-se do
IV
pela presença de
muitas definições e verbos no presente do indicativo em
sequências descritivas
e
diferindo do quarto tipo no que concerne à presença de uma
sequência narrativa
completa.
Estabelecidos os graus de presença dos elementos narrativos, as redações foram
quantificadas de acordo com a ocorrência dos tipos em relação à procedência escolar do
candidato (se fez curso preparatório para o vestibular ou apenas o ensino médio). O
quadro resultante dessa quantificação traz informações reveladoras:
Quadro 1 – Distribuição das redações no contínuo
(em porcentagem)
Tipos
Origem do candidato
I
II
III
IV
Total
Sem curso preparatório
12%
16%
20%
52%
100%
Com curso preparatório
16%
24%
40%
20%
100%
Comparando os grupos de candidatos sem curso preparatório para o vestibular e
com esse tipo de preparação, observa-se primeiramente que há a tendência generalizada
do aumento das ocorrências dos
tipos I, II
e
III
(de 48% para 80%), enquanto que o
tipo
IV
apresenta uma drástica diminuição de um grupo para o outro (de 52% para 20%). É
curioso que os candidatos que cursaram apenas o ensino médio, em que a definição
tradicional da existência de formas “puras” e fixas impera, tenham quase metade de suas
redações com, pelo menos, uma
sequência narrativa.
Para o segundo grupo, pode-se
levantar a hipótese de que o aumento de
sequências narrativas
na produção da
dissertação é uma preocupação que, de forma implícita ou explícita, destoa da
recomendação tradicional (presente até no manual do candidato). Eis, portanto, no uso
que nega essa recomendação, um
aspecto “oculto”
do letramento no ensino médio e no
curso preparatório para o vestibular.
Hipóteses explicativas para o uso de
sequências narrativas
nos textos analisados
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