Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 733

ordenação, do acréscimo ou supressão das palavras no corpo do texto e, ainda, do
recurso a outras modalidades, como as ilustrações; da forma gráfica empregada, como o
uso de aspas, caixa alta, itálico ou negrito, entre outras características. - Por meio dessa
configuração é que se percebe, então, não só os intuitos do autor (algo percebido, por
exemplo, na materialidade linguística do texto), mas, inclusive, aqueles mais implícitos
e de caráter mais abrangente, pertencentes à comunidade discursiva à qual o enunciado
está vinculado.
Às reflexões até aqui apresentadas acerca dos conceitos bakhtinianos
diretamente relacionados à composição do
enunciado
acrescenta-se outro fator, em
muito, responsável pela
expressividade
do falante. Diz-se da representação que o falante
possui acerca de seu destinatário e a partir da qual elabora o seu enunciado, conforme se
discorre a seguir.
A concepção do destinatário no corpo do enunciado
Além da ligação que o enunciado estabelece com aqueles que o precederam e,
portanto, além de demonstrar a filiação discursiva a qual pertence o locutor, ele se
constrói, sobretudo, a partir da concepção que se tem do destinatário. São as imagens
acerca desse interlocutor que irão indicar o estilo a ser empregado na composição do
enunciado. É com base em suas características, previstas pelo locutor – com relação à
faixa etária, ao gênero, à classe social e econômica, aos supostos gostos e repertório
cultural – que se irá construir o enunciado, com vista a atingir determinados interesses.
É desta forma que o estilo se constrói numa relação de dialogismo entre duas pessoas ou
mais (Souza, 2002, cf.p.123).
O direcionamento do enunciado a um
outro
é, portanto, parte constitutiva do
próprio enunciado. Foi a partir da representação que o autor do manual possuía acerca
dos alunos das antigas quintas e/ou sextas séries do antigo ensino fundamental e, ainda,
a partir do diálogo que estabeleceu com os outros enunciados que o precederam, que ele
selecionou e inseriu, de determinada maneira, o texto literário no livro didático.
Conforme afirma Mikhail Bakhtin (2003):
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