excludente. A voz feminina é silenciada pela voz do Outro, um Outro a quem está
subordinada e a quem deve satisfazer, realizando adequadamente sua função social para
que o produto possa ser adquirido pelo marido e por ela ser utilizado.
Vejamos alguns enunciados abaixo acerca do universo feminino e de temáticas
como o casamento e as relações familiares, que reiteram e materializam valores da
memória coletiva inscritos na discursividade como uma prática institucional que
propicia a felicidade. Assim, apregoa-se a ideia de independência e felicidade veiculada
a figura do marido e dos filhos, restrita ainda ao ambiente familiar, fato que corrobora a
ideia de formação de uma família em que as relações entre esposa, esposo e filhos
estabelecem-se de modo harmonioso. O ideal de felicidade é, pois, este: casar-se,
constituir uma família, ser fiel, zelar pelo marido e pelos filhos (levar e buscar da
escola, ir à feira, zelando pela alimentação de qualidade, ir ao cabeleireiro e à costureira,
tornando-se ou mantendo-se bela para o esposo), desta forma, poder-se-á adquirir um
veículo adequado para as famílias brasileiras de “bem”:
“Ela
Leva as crianças à escola,
vai à feira,
vai ao cabeleireiro,
vai buscar mamãe,
busca os sobrinhos para brincarem com as crianças que voltaram da escola,
vai à costureira
vai visitar as amigas,
volta a casa de uma amiga para apanhar a bolsa que tinha esquecido.”
Por meio do emprego de lexemas como
crianças, escola, feira, cabeleireiro,
mamãe, sobrinhos e costureira
, postula-se uma ideologia sexista que veicula a mulher a
uma maior execução de tarefas, mas de menor relevância social, haja vista sua ligação
com o ambiente doméstico e familiar. Os principais lexemas ligados à função social
masculina, entretanto, materializam uma posição diferenciada e considerada de maior
relevância e prestígio social. Vejamos:
“Êle “Ela
manhã, trabalho, volta à noite” escola, feira, cabeleireiro, mamãe sobrinhos,
visitar as amigas, titia”
