Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 456

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Algo mais
As diversas vozes que perpassam a educação pública fazem com que essa
perca, em determinado momento, espaço e forças para as articulações da mídia, a qual
muitas vezes se aproveita das falhas no sistema educacional brasileiro, para levantar a
necessidade de se (re)pensar a prática educacional. A construção discursiva nos dizeres
dos articulistas denota a defesa de uma educação calcada na ideologia capitalista, por
isso, o ensino é visto como aperfeiçoamento da mão-de-obra e não uma formação do
indivíduo como sujeito. A partir disso, a revista edifica um sistema educacional que
incentiva a reprodução de conteúdos, mas esquece que a educação é constituída por
sujeitos que deve ser incentivado a pensar, não a repetir.
Observamos, então, que há um consenso acerca da educação, o qual passa a ser
de disputa das noções de valores no mundo da produção dos saberes nas escolas e de
disputa com a própria escola. Dessa forma, entendemos que a construção discursiva
sobre a educação em
Veja
faz parecer que a instituição escolar seja ainda mais limitada
e limitadora, mas com função utilitarista do que parceira na formação do sujeito. Por
essa razão, muitas vezes tomamos como
verdade
o que a mídia estabelece como os
caminhos mais seguros e eficazes para uma educação que, teoricamente, contemple
todos os indivíduos do universo escolar, seguindo receitas seguras e eficientes, mas que,
de fato, torna-os produtivos para a sociedade. Ou seja, os discursos dos articulistas
revelam mecanismos controladores que procuram legitimar ou configurar um modelo de
professor para assegurar o bom exercício do magistério.
Veja
assume o discurso
pedagógico visando normalizar e individualizar para exercer de maneira mais efetiva
seu saber e poder sobre o leitor. Trava-se, pois, uma relação de forças que faz eclodir a
banalização da educação.
Entretanto, não se trata de dar voz aos professores simplesmente, também não
se trata de dizer que são apenas vítimas das artimanhas do sistema educacional, nem
mesmo de colocá-los em chagas, culpando-os como fonte do fracasso do aluno. Logo,
falar e olhar a educação de modo distante, do alto do poder editorial de
Veja
faz tudo
parecer perfeito, homogêneo e fácil, mas ver cada aluno materializado na sala de aula é
outra perspectiva, é outro saber.
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