Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1243

(...) – Vão passear. Durante o passeio, aproveitem para pensar na resposta que vocês
dariam à seguinte pergunta: “Quantas línguas se fala no Brasil?” Não digam nada
agora. À noite a gente se vê. (BAGNO, 2001, p. 13-14-16)
Os fragmentos supracitados, além de servirem para ilustrar a continuidade das
idéias do texto, igualmente comprovam a existência de progressão, não contradição e
articulação.
Com relação à progressão, ou seja, a necessidade de acrescentar novas idéias aos
elementos conceituais e formais retomados no texto; notamos que novas informações
são incorporadas a propósito dos elementos retomados. Da mesma forma, a progressão
é nitidamente percebida pelo acréscimo de comentários ao tópico que vinha sendo
tratado. Neste sentido, devido ao equilíbrio com que o autor acrescenta idéias novas às
dadas, o interlocutor consegue perfeitamente acompanhar sua linha de raciocínio no
decorrer da leitura. Enfim, a progressão complementa a continuidade (repetição): esta
garante a retomada de elementos passados; aquela assegura que o texto não se limite a
repetir indefinidamente o que já foi dito, garantindo-se a continuidade do tema e a
progressão do sentido.
Outro aspecto da textualidade, a não-contradição, deve, segundo Charolles (apud
VAL, 1999, p. 24-25), “ser observado tanto no âmbito interno quanto nas relações do
texto com o mundo a que se refere”. A este respeito, percebemos que o autor é
completamente coerente, pois apresenta a idéia principal: o preconceito lingüístico com
relação ao modo de falar de Eulália e a essa idéia acrescenta argumentos que, por sua
vez, desencadeiam o espanto das garotas e estas, finalmente, são levadas à reflexão
sobre o tema deflagrador da discussão. Assim, não foge do assunto e as idéias novas não
contradizem as já apresentadas.
Finalmente, no que diz respeito à articulação, que, segundo Val (1999, p. 27), refere-
se “a maneira como os fatos e conceitos apresentados no texto se encadeiam, como se
organizam, que papéis exercem uns com relação aos outros, que valores assumem em
relação aos outros”, percebemos, por meio das observações até aqui expostas, que as
idéias do texto articulam-se perfeitamente.
Até o presente momento, preocupamo-nos em evidenciar que o texto “
Quem ri do
quê
? obedece às regras necessárias para ser considerado um texto bem escrito, segundo
alguns critérios de textualidade; a partir de agora, nosso foco será encontrar elementos
responsáveis pela argumentatividade.
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