Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 404

Para tanto, essas formas distintas no BO acima, correspondem a um discurso indireto
livre, pois no contexto são apresentadas sem que se percebam necessariamente quem as
proferiu no processo comunicativo.
POLICIAL
[Interlocutor-Escrivão]
Discurso Relatado
EU
vs
TU [subjetividade]
[Locutor-Ele] Vítima
[Sujeito ativo do discurso]
Trata-se assim de um
discurso outro
, isto é, segundo a vítima (locutor), ou seja, um
discurso dependente de outro discurso:
“segundo a vítima a mesma é casada com o agente”,
percebe-se, nesse sentido, uma afirmação modalizada, uma vez que se evidencia uma marca
deixada pelo sujeito “vítima” a seu enunciado.
Nesta perspectiva, temos uma modalização que recai sobre o conteúdo da afirmação
ora da vítima-locutor, ora do policial-interlocutor.
Assim, temos um discurso primeiro, o da vítima e, a seguir um discurso outro, o
proferido; pelo policial, logo depois, evidencia-se um terceiro discurso que é o do escrivão e,
por último, o discurso interpretante.
Nesse sentido, para Possenti (2002, p. 64) torna-se “visível o discurso do outro, mas
também é visível o trabalho do eu”, ou seja, a presença do outro não apaga a presença do eu
no discurso, todavia um discurso nunca é oriundo de um eu, mas sim de outro discurso.
Pode-se dizer que o enunciado do escrivão possui marcas de subjetividade suas com
relação ao enunciado trazido pela policial que esteve no local. E estas marcas de subjetividade
existem na medida em que o policial-escrivão (interlocutor) relata o discurso do “outro”.
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