A FORMA DO ROMANCE E A SEMIÓTICA DAS INSTÂNCIAS
Cristina Vaz DUARTE
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Este trabalho procura apontar para a pertinência da semiótica das instâncias de
Jean-Claude Coquet como perspectiva de abordagem de texto essencial para se
discutirem questões contemporâneas em teoria da literatura. Procuramos relacionar a
forma do romance a partir dos movimentos tropísticos analisados em alguns textos de
Nathalie Sarraute. Neste artigo procuramos analisar dois textos: um do primeiro livro da
autora e outro do último que ela escreveu, mas ambos inseridos na perspectiva da
totalidade de sua obra.
Palavras-chave: Semiótica das Instâncias-Forma do Romance-Língua
Francesa-Literatura Francesa-Tropismes
Nathalie Sarraute é a autora dos
movimentos tropísticos
, que designam
“reações psicológicas elementares, pouco passíveis de expressão”. A
forma literária
dos
seus romances emana da matéria do próprio romance. “Tropismo” vem da palavra grega
tropê
, que significa “mudança de direção”. Podemos dizer que Nathalie Sarraute opera
uma verdadeira mudança de direção, inovando a forma do romance. Os movimentos
tropísticos permitiram-lhe inovar a forma romanesca abolindo as categorias tradicionais
da narrativa, como “narrador”, “personagem” e “intriga”, discutindo relações entre o
autor e a obra ou, ainda, entre o leitor e o texto.
Cada escritor, segundo ela, deve procurar uma forma literária nova, única, a
fim de se inscrever na história da literatura. Para compreender o seu posicionamento
quanto à necessidade de o escritor encontrar essa forma singular, é preciso entender o
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Docente Ensino de Línguas (Francês). Centro de Ensino de Línguas – CEL– Unicamp –
Campinas – São Paulo. CAPES, crisvaz@unicamp.br/cristina.vaz-duarte@uol.com.br