Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1007

possivel deixar de dar nome a estas conferéncias seria talvez melhor”
(ALBUQUERQUE, 1916, p.251).
Intencionalmente, Medeiros e Albuquerque procurava agindo assim estreitar
mais os laços de intimidade com os ouvintes, que naturalmente admiravam observar a
humildade do comunicador. Exatamente por isso ele não abria mão dessas estratégias
retóricas, ao passo que queria cativar rapidamente seu público, de modo a prender a
atenção. Em outro episódio do livro, chegou até mesmo a confessar que seu texto
pudesse ser chato, tentando adivinhar o pensamento dos receptores, ao opinar: “não
digam que esta conferéncia foi enfadonha. Nem todas as verdades se dizem! Mintam –
um mentiroso colossal- dizendo que ela foi excelente, magnífica, sublime”
(ALBUQUERQUE, 1916, p.390). Em seguida, com certo tom gracioso, admitiu: “e
assim talvez acabem, sinão por acreditar de todo nessa enormidade, ao menos por
esquecer um pouco o que ela foi realmente” (ALBUQUERQUE, 1916, p.390).
Em relação à conferência “Mas não casar é melhor”, percebe-se a visível
preocupação de Medeiros e Albuquerque com os temas sociais, no caso aqui, o
casamento. Tal conferência foi proferida no Instituto Nacional de Música, em resposta à
de Viriato Correia, intitulada “Casar é bom”.
Na conferência, Medeiros utilizou certa técnica expressiva que possibilita ao
orador suavizar possíveis críticas negativas vindas do público. Realmente, no seguinte
trecho: “[...] si alguem me quizesse condenar por cauza da teze desta palestra, não
condenaria a mim –condenaria a S. Paulo” (ALBUQUERQUE, 1916, p.106), o
conferencista deixou bem claro que não era o único culpado por suas opiniões, pois
Paulo também as tinha semelhantes. É como se a culpa imposta por tais comentários
não fosse exclusiva dele, afinal de contas, outras pessoas pensam assim.
De fato, sobre isso, o orador ainda discursou à platéia o seguinte: “eu estou
certo que sabereis nos perdoar a nós dois: a S. Paulo e a mim; a ele o ter formulado a
teze, a mim o ter procurado defende-la” (ALBUQUERQUE, 1916, p.153). Exatamente
como Medeiros, Paulo era contra o casamento e, desse modo, o autor de
O silêncio é de
ouro
soube bem aproveitar tal dado no seu discurso.
Além disso, tal concepção contrária à união conjugal também é entendida devido
a Medeiros e Albuquerque ter sido um ateu convicto e, portanto, ele era absolutamente
contra os princípios de união defendidos por crenças religiosas. Em muitos de seus
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