Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 868

Diante dessa dinamicidade do referente, destaca-se o processo de recategorização,
que, segundo Apothéloz e Reichler-Béguelin (1995), é um recurso referencial pelo qual
uma entidade já introduzida no universo do discurso sofre transformações que são
perceptíveis pelo emprego de expressões referenciais renomeadoras. Em outras palavras,
para esses autores, a recategorização é o processo a partir do qual se têm alterações em
relação às categorias ou designações dos objetos-de-discurso realizadas com base nas
intenções comunicativas do locutor, sendo essas alterações não só linguísticas, mas também
cognitivas.
É importante ressaltar, entretanto, que, neste trabalho, além da concepção de
recategorização referencial apresentada, considerar-se-á também como outro recurso
empregado pelo produtor textual para a construção e transformação dos referentes, a
predicação, como se poderá observar na análise do
corpus
.
Tal perspectiva do conceito de recategorização se dá por se considerar esse
processo como um recurso que promove transformações no referente não só ao renomeá-lo
por meio de uma outra categoria linguística, mas também ao atribuir características ao
referente por meio de outros recursos linguísticos.
A partir dessa concepção de referenciação e, consequentemente, de
recategorização, passou-se a refletir a respeito dos empregos de nomes próprios como
estratégia de progressão referencial e como possível recurso de recategorização referencial
– no sentido mais amplo do termo, ou seja, de recurso que promove transformações no
referente, atribuindo-lhe características e não simplesmente o nomeando.
Para isso, faz-se necessário, primeiramente, recuperar o que dizem os estudiosos
da Linguística Textual sócio-cognitivo-interacionista sobre o emprego de nomes próprios,
no âmbito da referenciação.
Na área da referenciação, tem-se considerado ainda o nome próprio como incapaz
de atribuir diretamente característica ao referente, exercendo apenas a função designativa/
nomeadora dos referentes. Em consequência, os nomes próprios têm sido pouco estudados
nessa perspectiva teórica, destacando-se apenas, entre as estratégias de progressão
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