Em suma, todos esses nomes, relacionados ao referente Lula por meio da
predicação nominal e, no último caso, por meio de um aposto explicativo, são empregados
na produção textual das crônicas de Mainardi com o objetivo de construir o referente em
foco a partir de um ponto de vista bastante pessimista em relação a Lula, uma vez que são
reforçados sempre nomes de políticos desonestos que acabaram, indiretamente, denegrindo
a imagem do então presidente na época dos fatos discursivamente apresentados.
Considerações finais
A partir dessa breve análise, buscou-se demonstrar como alguns nomes próprios de
políticos brasileiros da contemporaneidade e de “Churchill”, seguido de uma locução
adjetiva, foram empregados em crônicas não como meros nomeadores referenciais, mas
como recurso de construção referencial de Lula, uma vez que esses nomes foram utilizados
como atributos ao referente.
Por meio dos nomes, o autor das crônicas recupera, indiretamente, discursos
políticos nos quais as figuras de José Sarney, ACM, Jader Barbalho, Severino Cavalcanti,
Delúbio Soares e Marcos Valério estão mais comumente associadas. Em seu tempo,
reconhecidos social e culturalmente como maus políticos por terem se envolvido –
supostamente ou não – em casos de corrupção enquanto estavam no poder, todos são
relacionados a Lula como atributos negativos do então presidente da República.
Já a figura de Churchill foi empregada para efetuar uma crítica aos discursos de
Lula nos momentos de sua atuação política.
Com isso, esses nomes próprios exercem a função de recategorizador referencial
de Lula, por trazer a este referente deslocamento de sentidos no decorrer do texto.
Destaca-se que esses atributos só podem ser reconhecidos como negativos quando
se consideram o contexto de produção do texto e os fatos políticos recuperados. Além
disso, vale ressaltar que o fato de se ter a seleção dessas crônicas para a composição de um
livro denominado
Lula é minha anta
já faz com que se pense na figura do presidente em
questão como o alvo de críticas do cronista.
