Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 867

discurso, ocorrem no intermédio entre os indivíduos em situação de interação
comunicativa, isto é, a construção dos objetos enunciados pelo autor do discurso é dada na
relação que este estabelece com o seu interlocutor por meio da linguagem.
Nessa perspectiva, segundo Koch (2008):
A língua não existe, portanto, fora dos sujeitos sociais que a falam e fora dos eventos
discursivos nos quais eles intervêm e nos quais mobilizam suas percepções, seus saberes
quer de ordem linguística, quer de ordem sócio-cognitiva, ou seja, seus modelos de mundo.
Estes, todavia, não são estáticos, (re)constroem-se tanto sincrônica como diacronicamente,
dentro das diversas cenas enunciativas, de modo que, no momento em que se passa da
língua ao discurso, torna-se necessário mobilizar conhecimentos — socialmente
compartilhados e discursivamente (re)construídos —, bem como situar-se dentro das
contingências históricas, para que se possa proceder aos encadeamentos discursivos.
(KOCH, 2008, p. 101)
Assim, com base nessa concepção de língua(gem), na área da Linguística Textual,
trabalhos mais recentes dessa perspectiva têm focalizado a questão referencial, substituindo
a noção de referência pela de referenciação, por ressaltarem que o ato de referir é um
processo dinâmico de construção do sentido no texto, ou seja, é uma atividade discursiva,
conforme Koch destaca acima.
Zamponi (2005) define referenciação como uma atividade de construção
colaborativa, isto é, “operação colaborativa dos parceiros da interação, que constroem os
referentes
no
e
pelo
discurso, atividade lingüística e sócio-cognitiva, ligada, acima de tudo,
à interação e à intersubjetividade” (ZAMPONI, 2005, p. 173). O referente é, portanto,
concebido não mais como objeto-de-mundo – ou objeto extralinguístico –, mas como
objeto-de-discurso, construído de forma discursiva e interativa entre os parceiros do
processo textual.
Com isso, o objeto-de-discurso é marcado pela sua dinamicidade, uma vez que, ao
ser introduzido, pode ser modificado, desativado ou reativado no curso da progressão
textual (Koch, 2002), em função dos propósitos interacionais do autor. Para isso, o autor se
vale das estratégias de progressão textual, que podem ser de base nominal (descrição
definida; descrição indefinida; nominalização; e associação) ou pronominal
(pronominalização).
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