Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 534

Temas – com publicação de diversos gêneros discursivos jornalísticos dos alunos,
tratando do mesmo tema: racismo.
Na presente pesquisa, a obra escolhida foi
O Presidente negro ou o
choque das raças
– romance americano do ano 2228, de Monteiro Lobato, publicado em
1926, no rodapé do
Jornal A Manhã
, depois lançado pela Editora Brasiliense, com 207
páginas.
Em uma visão futurista, sob a lente de um “porviroscópio”, aparelho
capaz de prever o futuro, Lobato transporta os leitores para o ano de 2228 e retrata a
eleição de um presidente negro nos EUA. A disputa, coincidentemente, é entre um negro
(Jim Roy – democrata), um branco (Kerlog – republicano) e uma feminista (Evelyn
Astor). Em meio a essa questão, o tema das diferenças étnicas é tratado com muita
perspicácia. Esse fato faz com que se relacione com os acontecimentos atuais: a eleição
dos primeiro presidente negro dos EUA: Barack Obama. A ficção do século XXIII e a
realidade do século XXI têm personagens semelhantes e uma diferença alentadora:
segundo a Folha de Londrina, com a eleição de Obama, não haverá nenhum conflito
trágico, pois os eleitores consultados, por meio da pesquisa CNN/Opinion Research,
54% dos negros e 65% dos brancos disseram que o país está preparado para um
presidente negro.
Já, nas previsões de Lobato, por um golpe ardiloso e maquiavélico, o ex-
presidente Kerlog, derrotado, empenha-se para impedir que Jim Roy assuma o poder. A
solução é encontrada: o inventor John Dudley cria uma loção de “desencarapinhamento”
que tem a propriedade miraculosa de transformar até o mais rebelde pixaim em cabelo
do mais apurado tipo branco. No entanto, ao mesmo tempo em que alisam os cabelos...
esterilizam o homem. Assim, dissemina toda população negra dos EUA, inclusive, o
presidente eleito, Jim Roy.
Muitos acusam Lobato de racista, porque não fazem uma leitura mais
profunda de sua obra. Por meio desta história, tratada com ironia, denuncia a segregação
entre brancos e negros. O autor retrata a capacidade de uma raça, que, por se achar
superior, sente-se no direito de exterminar o outro e de se sobrepor.
Da mesma forma que Lobato, outros escritores como Machado de Assis e
Lima Barreto, um de forma mais velada e irônica, outro de forma explícita e mordaz,
trataram de denunciar o preconceito racial que corrói a sociedade. São questões atuais
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