Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 433

1. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Estudos da Linguagem da UEL – Universidade 
Estadual de Londrina (Bolsista da Fundação Araucária),
 
leitores, principalmente, professores não possuem subsídios teóricos suficientes para
explorarem as mais variadas possibilidades de análise que podem ser feitas nesses
textos, em particular no que se refere ao emprego da Análise do Discurso (doravante
AD).
Este artigo, pois, propõe analisar três tirinhas da personagem Mafalda, menina
de apenas 6 anos, que mostra ir muito além da sua idade fazendo questionamentos
acerca do mundo e da sociedade que o habita. É uma garotinha pequena, mas já
preocupada com questões “adultas”. Ela age como criança, se comporta como criança,
faz perguntas como criança, mas estas perguntas colocam os adultos em situações
embaraçosas.
Sendo assim, pretendeu-se trabalhar com o gênero discursivo: tirinhas em
quadrinhos, mais precisamente as tirinhas da personagem Mafalda, partindo-se da
hipótese de que tais gêneros discursivos possuem elementos da análise do discurso
como formação discursiva e formação ideológica e, analisando como esses elementos
se manifestaram no
corpus
em questão e ampliando, desse modo, a possibilidade de se
trabalhar com alguns princípios da AD em sala de aula.
À GUISA DE UMA FUNDAMENTAÇÃO
Neste momento, considera-se de extrema importância expor ao leitor as bases
nas quais se debruça o presente artigo. Será feita uma rápida retrospectiva linguística
desde o seu surgimento a Análise do Discurso.
Saussure, lingüista suíço, desenvolveu elaborações teóricas que propiciaram o
desenvolvimento da lingüística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do
estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos
questionamentos que se encontram na lingüística do século XX. Tomando como ponto
de partida o estudo da linguagem, a partir da concepção dicotômica entre língua e fala,
ele encara a língua como um sistema abstrato, virtual ou potencial e deixa de lado o ato
individual da fala, centrando-se no fato social da língua. Desse modo, a língua seria um
sistema de valores que se opõe uns aos outros e que está depositado como produto
social na mente de cada falante de uma comunidade. Enquanto a fala, para ele,
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