circulação destacada com relação aos outros jornais da mesma cidade, especialmente na
venda avulsa em bancas.
Ciência da Informação e Análise do Discurso
Estudar o aumento da circulação de jornais entre as classes populares e o próprio
papel da informação nesse contexto emana uma preocupação com o discurso em
funcionamento. Um discurso compreendido como um acontecimento, que não é
individual e que se relaciona com o “se pôr na escuta das circulações cotidianas,
tomadas no ordinário do sentido” (PÊCHEUX, 2008, p.48).
Para Capurro (2003), a informação, não toma como referência um sujeito ou
usuário isolado, mas determinada comunidade ou grupo e um campo específico de
conhecimento ou de ação na qual o usuário (ou leitor) está implícita ou explicitamente
inserido.
Já para Lefebvre (2010), no materialismo dialético, a pesquisa deve abandonar o
ponto de vista do fato e do indivíduo isolado, para contemplar o conjunto, o devir e o
processo histórico.
No entanto, pode-se dizer que, essas questões que relacionam o discurso ao seu
público leitor fazem dialogar a Ciência da Informação e a Análise do Discurso, a qual
vem como uma perspectiva teórica e analítica que remete ao contexto e a situação que
produzem um discurso em circunstâncias dadas, ou seja, em certas condições de
produção (PÊCHEUX, 1997).
As condições de produção compreendem os sujeitos e a situação, mas também a
memória, que faz parte do discurso. Envolvem, em sentido estrito, as circunstâncias da
enunciação, é o contexto imediato, e no sentido amplo, o contexto sócio-histórico,
ideológico, como também a história (ORLANDI, 2009).
O discurso, entendido como “efeito de sentido entre interlocutores”
(PÊCHEUX, 1995), é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no
processo sócio-histórico, podendo mudar de sentido de acordo com as posições daqueles
que o empregam.
