Para refletir sobre a questão da leitura, é preciso ir além dos estudos e
campanhas que se baseiam somente em livros. Estudos da Associação Mundial de
Periódicos (WORLD ASSOCIATION OF NEWSPAPER, 2009) apontam que no início
da década havia aproximadamente 488 milhões de leitores de jornais e, agora, estima-se
que 1,9 bilhão, ou seja, 34% da população mundial são leitores de jornais.
Ainda que seja impossível desprezar o avanço da internet e novos suportes de
leitura, os leitores dos livros eletrônicos são minoria e as práticas de leitura ainda
permanecem solidamente ligadas ao impresso: “Devemos ser bastante lúcidos para não
tomarmos o virtual por um real já presente” (CHARTIER, 2002, p. 113).
O jornal é o suporte com maior frequência de leitura no Brasil, ficando a frente
dos livros, revistas e textos da internet, com 20% de leitura diária, segundo a pesquisa
“Retratos da Leitura” (AMORIM, 2007), que aponta, ainda, que 48% dos brasileiros, ou
83,3 milhões, são leitores de jornais. Com o aumento de publicações voltadas às classes
populares, os jornais populares integraram novo público leitor, e avançaram diversas
posições entre os dez diários de maior circulação no país (ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE JORNAIS, 2010).
Na última década jornais populares
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vêm sendo lançados e têm apresentado um
aumento de circulação e leitura em todo o Brasil. Esses jornais demonstram uma
tendência em se procurar um público que tinha pouco hábito de leitura de jornal e que
recentemente está ampliando o consumo de bens diversos, entre os quais a informação.
Atualmente, o jornal mais lido no país é o jornal
Super Notícia
do estado de
Minas Gerais, lançado em 2002, sendo voltado às classes populares; é vendido a menos
de um real o exemplar. Possui formato tablóide e sua linha editorial abrange temas
como esportes, serviços à comunidade, noticiário de polícia e cidades e o mundo das
celebridades.
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Não é demais destacar, como enfatiza Verón (2004) que os produtores de jornais (como o da maioria
dos meios de comunicação de grande circulação) pertencem a classe dominante, e a diferença entre os
jornais de referência e os jornais populares reside no fato de que se destinam a setores diferentes da
estrutura de classes.
