Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 401

discurso. Portanto, tratar de um discurso relatado é, antes de tudo, dizer que a linguagem é
heterogênea, ao passo que um discurso se constitui de outro discurso, que por sua vez, age
sobre outro – pois segundo Indursky (1997, p. 198), o “discurso relatado é apenas o sintoma
da natureza essencialmente heterogênea de qualquer discurso”.
Do ponto de vista da Análise do Discurso e das teorias da enunciação, a expressão
discurso referido
ou
discurso reportado
corresponde a um discurso que inclui outro discurso.
Pode-se dizer assim que, no discurso referido temos a linguagem sendo mobilizada para
reportar a própria linguagem, indicando, dessa forma, que a fala não se caracteriza como um
ato de um sujeito isolado, pelo contrário, trata-se do que podemos chamar de uma réplica, ou
seja, a fala a partir de outras falas.
Partindo desse pressuposto, a temática do discurso referido relaciona-se diretamente
ao
interdiscurso
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e à
heterogeneidade
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do enunciador ao sujeito da linguagem. Assim sendo,
o discurso referido corresponde a uma enunciação passada, anterior a enunciação que se cita.
Em seu Esboço de uma teoria polifônica da enunciação (1987) Ducrot
propõe-se a contestar a tese segundo a qual na base da cada enunciado subjaz
um único autor. De acordo com ele, a lingüística moderna procura manter
como principio a unicidade de um sujeito com competência psicofisiológica.
Somado a isso vê o sujeito como a origem dos atos ilocutórios produzidos
por intermédio do enunciado (...). (FLORES e TEIXEIRA, 2005, p. 64).
Nesse sentido, a análise nas TD se procederá de forma que os confrontos dos
depoimentos ao serem analisados serão revistos a partir dos enfrentamentos como objetos
discursivos do “gênero inquiridor” - pelo uso do discurso social que poderá ser percebido que
essa modalidade viabilizará com mais precisão tais objetivos pela forma e tema instituídos na
Polícia e no Fórum – esses como Aparelhos do Estado, segundo Althusser (1987).
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Relação do discurso com outros discursos, pois a representação “interior” e “exterior” se caracteriza em
universos independentes para cada discurso.
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Manifestam-se na presença de discursos “outros”, isto é, atribuíveis a outra fonte enunciativa, caracterizada por
Authier-Revuz (1982).
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