Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1279

O DISCURSO E O SERMÃO DE ANTÓNIO DAS CHAGAS
Toniato Freire Rodrigues
Letras – Faculdade de Ciências e Letras de Assis
Unesp (Universidade Estadual Paulista) – SP - Brasil
1.1. Oratória como forma de propagação do culto católico
O interesse inerente a essa área de pesquisa, cujos resultados podem contribuir
para um melhor entendimento da obra do Frei António das Chagas, é devido a haver
pouquíssimos estudos sobre o referido autor. Alcir Pécora (2008) é um dos especialistas em
Padre Antônio Vieira, cujos materiais e estudos são mais abundantes.
A prosa de Vieira no Brasil Colonial tem O Sermão da Sexagésima como uma de
suas principais obras. Nela, Padre Antônio Vieira (1608-1697) faz uma série de reflexões a
respeito da arte de pregar, constituindo-se assim uma obra metalinguística, ou seja, utiliza-se
do próprio sermão para ensinar como fazê-lo, sempre condenando os exageros do cultismo.
Pregado na capela Real de Lisboa, em 1655, a obra também ficou conhecida como "A palavra
de Deus". Polêmico, esse sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir
seus adversários católicos, os gongóricos dominicanos, analisando no sermão "Porque não
frutificava a Palavra de Deus na terra", atribuindo-lhes culpa.
Vieira era contrário aos que se preocupavam apenas com as palavras, esquecendo-
se da Palavra de Deus, com letra maiúscula. Procurava adequar os textos bíblicos às
realidades de que tratava. Padre Antônio Vieira, embora escrevendo no Brasil apresentava a
visão de mundo do homem europeu.
Chagas também compartilhava com Vieira essa visão de adequar textos bíblicos
às realidades que vivia, mas de maneira mais contundente, usando exemplos do cotidiano.
A “literatura jesuítica”, nos primórdios de nossa história, visa à catequese do
índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral.
Ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o "impiedoso" Padre
Antônio Vieira, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os
padrões da época. Chagas não chegou a ter tantas obras reconhecidas.
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