Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1125

“licença artística” (permissão poética. Estes detalhes, deram-lhe um ar ora de
questionamento e mistério, ora de delicadeza e inocência. Alguns estudiosos chegam a
sugerir que estes detalhes seriam presságios do vindouro Maneirismo.
Pesquisadores acreditam que a Vênus italiana (escolhida por Botticelli) foi
inspirada e espelhada na Afrodite (grega) ou na Quetzalcoatl (maia e asteca), sendo que
em
O banquete
, de Platão (JAEGER, 2001, p. 727) Hesíodo conta que Afrodite (Vênus)
nasceu do mar onde caíra o sêmen de Urano quando foi castrado por seu filho Saturno.
Na obra de Botticelli, ela surge em sua concha, sendo soprada pelos ventos para a ilha
de Chipre. Muitos também dizem, que aportou em Citera, outro nome pelo qual a deusa
pode ser conhecida, mas logo foi levada para o reino dos deuses. Esta Vênus é
considerada Urânia, isto é celeste, aquela que representa o Amor espiritual.
Existe uma dualidade envolvendo o mito da deusa Vênus (Afrodite). A visão
celeste retro citada contrapõe-se à visão de Homero, na qual este considera Vênus a
filha de Zeus e Dione. Pode-se interpretar essa diferença, opondo-se uma Vênus Celeste
a uma Vênus Pandêmica, ou seja, “popular”, sendo talvez essa definição um contra-
senso, pois admitamos que por ser mais antiga, a Vênus (Afrodite) Celeste é a mais
digna, pois representa o Amor espiritual; e a Popular, menos digna, limitada à obra da
carne. Enquanto uma representa o ciclo diurno (estrela do dia – Nascimento) a outra
representa o ciclo noturno (estrela da noite – Morte).
Conforme descreve o
Dicionário de Mitos Literários
de Pierre Brunel (1988, p
20) na mitologia, Vênus era casada com Vulcano (Hefesto), o deus deformado das
forjas, mas teve muitos amantes, como Marte (Ares), Mercúrio (Hermes), Baco
(Dionísio) e Netuno (Poseidon). Também se enamorou dos mortais Adônis e Anquises,
de quem concebeu Enéias. Teve também outros filhos como Hermafrodito e Priapo. A
facilidade com que Vênus cativava os homens era aumentada por seu cinto mágico, ou
cestus (cinto de Vênus), que Vulcano criou especialmente para ela.
Encontramos o seguinte relato de CHEVALIER Dunhas (1982, p.939) sobre sua
dualidade:
Como astro, o planeta Vênus, é considerado como filha da Lua e irmã do Sol.
Motivo esse pelo surgimento da estrela na madrugada e no crepúsculo, era
natural que aparecesse como uma espécie de ligação entre as divindades do
dia e da noite. É por essa razão que, embora o Sol fosse seu irmão, sua irmã
era a deusa dos Infernos. Do seu parentesco com o Sol, era da sua irmã
gêmea suas qualidades guerreiras; era chamada de a valente ou a dama das
batalhas. Isso tudo enquanto estrela da manhã (dia). Mas, enquanto estrela da
tarde (noite), era a influência de sua mãe, a Lua, que predominava, fazendo
dela a divindade do amor e do prazer. Enquanto deusa do amor, rainha dos
prazeres, também chamada de aquela que ama o gozo e a alegria, seu culto
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