Quando citada no
Dicionário de Símbolos
de CHEVALIER & GHEERBRANT
(2006), encontramos o seguinte relato sobre as estações do ano:
As estações foram representadas de modo diverso nas artes: a
primavera
,
por um manto de flores, por um cordeiro, um cabrito, um arbusto, guirlandas
de flores; o
verão
, por um dragão cuspindo fogo, um feixe de trigo, uma
foice; o
outono
, por uma lebre, parras, cornucópias de abundância
transbordantes de frutos; o
inverno
, por uma salamandra, um pato selvagem,
o fogo na lareira etc. A
primavera
também é consagrada a
Hermes
, o
mensageiro dos deuses; o verão, a Apolo, o deus solar; o outono, a Dioniso, o
deus do vinho; o inverno, a Hefestos, o deus das artes do fogo e dos metais.
A sucessão das estações, assim como a das fases da lua, marca o ritmo da
vida, as etapas de um ciclo de desenvolvimento: nascimento, formação,
maturidade, declínio. Ciclo que se ajusta tanto aos seres humanos quanto a
suas sociedades e civilizações. Ilustra, igualmente, o mito do eterno retorno.
Simbolizam a alternância cíclica e os perpétuos reinícios.
Sandro Botticelli, em nosso corpus de análise, utiliza a pintura como forma de
representação, para demonstrar a sua concepção do Nascimento de Vênus, e a eterniza,
como a deusa nua, surgindo em sua concha de dentro do oceano, sendo o simbolismo
dessa representação, algo misterioso e de enormes proporções em virtude da extensão
do oceano, aparentemente sem limites. Suas imagens são da indistinção primordial e da
indeterminação original. Assim é o oceano sobre o qual dormem os deuses. É o mar sem
formas e tenebroso, as águas inferiores sobre as quais paira o Espírito Divino e de onde
nasce à germinação original, ovo, lótus, cana, ilha.
De forma subliminar, na concepção da obra de arte, Sandro Botticelli, faz uso da
Divina Proporção para obter o resultado plástico estético, fruto de uma espiralidade de
proporções harmoniosas, que reproduzem a essência da vida.
