Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1121

O signo anuncia um plano de consciência, que não o da evidência racional; é a
chave de um mistério, o único meio de se dizer aquilo que não pode ser apreendido de
outra forma, inicialmente, senão com a aparência do símbolo.
Jamais apreendido de modo definitivo, o símbolo deve sempre ser decifrado de
novo, do mesmo modo que uma partitura musical jamais é decifrada definitivamente e
exige uma execução sempre nova (CORI, 1958), salvo se observada na qualidade de
signo, ou se o material sonoro analisado da obra (em partitura) for uma gravação que
poderá ser examinada semióticamente na qualidade de texto musical, como suporte
gráfico, do qual será extraído o valor sígnico particular do signo (ou signos,
denotativos).
A analogia é uma relação entre seres ou noções, diferentes em sua essência, mas
semelhantes sob certo ângulo; a cólera de Deus, por exemplo, tem somente uma relação
analógica com a cólera do homem. O raciocínio por analogia é fonte de inúmeros
equívocos. Analogia é sinônimo de conotação.
O símbolo motivado (convenção social) diferencia-se essencialmente do signo,
por ser este último arbitrário, deixando alheio um ao outro, o significante e o significado
(objeto ou sujeito); ao passo que o símbolo pressupõe homogeneidade do significante e
do significado, no sentido de um dinamismo organizador (Cf. DURAND, 1963).
Apoiando-se nos trabalhos de Jung, de Piaget e de Bachelard, Gilbert Durand
fundamenta, sobre a própria estrutura da imaginação, esse dinamismo organizador:
(...) fator de homogeneidade na representação. Ao invés de estar apta a
formar imagens, a imaginação é uma potência dinâmica que deforma as
cópias pragmáticas fornecidas pela percepção, e esse dinamismo reformador
das sensações torna-se o fundamento de toda a vida psíquica. Pode-se dizer
que o símbolo(...) Possui algo mais que um sentido artificialmente dado,
detendo um essencial e espontâneo poder de ressonância (DURAND, 1963,
20 - 21).
Buscar novas formas para encontrar o valor do símbolo não é, de modo algum,
reconhecer um subjetivismo estético ou dogmático. Não se trata de eliminar da obra de
arte seus elementos intelectuais e suas qualidades de expressão direta e, muito menos,
de ausentar as questões relacionadas aos dogmas e a releitura de seus conteúdos
históricos. O símbolo permanece na história e no tempo; não oculta ou substitui a
realidade, muito menos, abole o signo. Acrescenta-lhes uma dimensão, o relevo, a
verticalidade; estabelece, a partir deles: fato, objeto, sinal, relações extra-racionais,
imaginativas, entre os níveis de existência e entre os mundos cósmico, humano e divino.
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