Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1108

estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, resumem-se em definir
essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo.”.
Merleau-Ponty (1999) explora o campo da percepção e procura pensar o
conceito de “estar no mundo”. Isso envolve a questão da significação, pois as coisas
adquirem sentido conforme o ponto de vista adotado em relação a elas. Essa mediação
entre sujeito e coisas se dá por meio do corpo (um pré-sujeito, um mediador entre coisas
e intelecto).
Já em
Semântica estrutural
, Greimas (1976, p. 15) considerava “a percepção
como o lugar não linguístico onde se situa a apreensão da significação”. Ainda que ele
reconheça que a percepção é própria do processo de significação, decide não se ocupar
dela naquele momento. Assim, no início a semiótica empreendia uma separação entre
interior (linguístico) e exterior (sensível) no processo de significação, dando prioridade
ao linguístico (Cortina; Marchezan 2004, p. 418). Mas com o tempo há uma diluição
dessa oposição, quando se retomam os princípios fenomenológicos para tratar da
questão das paixões. Com essa retomada da fenomenologia, ganha importância o corpo
(que percebe e sente) na investigação do sentido.
O corpo (instância proprioceptiva) passa a ser visto como instância produtora de
sentido, pois é o lugar onde se dá a operação de semiose, em que o plano do conteúdo
(de origem interoceptiva) é posto em relação com o plano da expressão (de origem
exteroceptiva). Interoceptividade se relaciona com as sensações (corresponde ao mundo
interior, cognitivo e emocional do sujeito). Exteroceptividade, às percepções (associadas
ao mundo exterior pelos sentidos). Cabe à proprioceptividade fazer a passagem de um
ao outro.
Três caminhos, três tendências
Feito esse panorama sobre as principais mudanças epistemológicas da semiótica
francesa, cumpre sintetizar suas tendências teóricas. Desse esboço, o que se percebe é
que “a disciplina ‘pura e dura’ que muitos quiseram ver na semiótica se transformava
em um espaço plural habitado por diversas iniciativas e desenvolvimentos variados.”
(Dorra
2002, p. 118).
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