Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1107

semântica complexa, com muitos valores. Na comparação desses dois níveis, fica fácil
entender por que um texto traz possibilidades semânticas gradativas.
Enquanto a abordagem intensiva traz a oposição “quente x frio” (termos opostos
em extremidades), o modelo extensivo traz termos gradativos: quente / morno / fresco /
frio / glacial. Ou seja, muitas posições intermediárias. Segundo Lopes (2004, p. 37),
Edward Sapir escreveu um capítulo sobre semântica dedicado à questão da gradação (do
vago), que viria a inspirar Claude Zilberberg na construção da semiótica tensiva.
Assim, subjacentes às operações canônicas do quadrado semiótico
(contrariedade, contradição e implicação) estariam os gradientes de intensidade
(sensível) e extensidade (inteligível), que expressam propriedades elementares da
percepção.
Figura 1: Esquemas tensivos
A articulação entre o sensível (ab) e o inteligível (cd) refere-se à emergência da
significação a partir da experiência da percepção. O uso dessas duas “dimensões” ou
“profundidades” (assim chamadas as setas da intensidade e da extensidade) tem sido um
dos focos da teoria recentemente, pois representa uma reformulação da semântica
fundamental a partir das premissas tensivas.
Com a incursão no universo sensível, promovido pelas ferramentas tensivas, a
semiótica acaba retomando nos anos de 1990 os princípios fenomenológicos,
especialmente a fenomenologia de Merleau-Ponty (1999, p. 1): “A fenomenologia é o
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