Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1017

Outro aspecto definido nesta abordagem hjelmeleviana é a de que a diferença
entre expressão e conteúdo é instável, à medida que está sempre por ser estabelecida e
fixada a cada análise.
Com o desenvolvimento das teorias enunciativas e do discurso, a semiótica vai
assumindo contornos menos estruturalistas e mais discursivos, os quais vão incidir
diretamente no processo de análise de textos.
Nesse sentido, Fontanille (2007, p. 43) estabelece a correspondência entre plano
de expressão/“mundo exterior” e plano de conteúdo/ “mundo interior”, a fim de destacar
a fronteira instituída entre os dois planos da linguagem. Segundo o autor, tal “fronteira
não é nada mais do que a posição que o sujeito da percepção atribui-se no mundo
quando ele se põe a depreender seu sentido” (FONTANILLE, 2007, p. 43).
Imagem e palavra: sincretismo em (ambi)caligramas
Caligrama é um tipo de texto muito específico cuja construção físico-visual se
faz a partir da junção entre imagem (desenho – sistema simbólico) e palavra (letra –
sistema semi-simbólico), de tal modo que a disposição tipográfica das palavras sugira
uma figura semelhante ao tema abordado, ou que, de algum modo, se estabeleça um
vínculo semântico entre tais formas.
Historicamente, considera-se que os hieróglifos foram os primeiros caligramas.
Entretanto, ao longo do tempo, os caligramas foram se transformando e passaram a
receber diversas denominações: versos figurativos, poemas figurativos, poemas visuais,
lirismo visual, entre outras. O texto “O ovo” (Figura 1), do grego Símias de Rodes, três
séculos antes de Cristo, é tido reconhecidamente como o primeiro poema visual.
Figura 1: O ovo, de Símias de Rodes
Fonte:
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