Deixemos por um momento os adesivos de lado e vamos pensar nas famílias,
primeiro o que entendemos por família; evitando as definições prontas, vamos lembrar
um exemplo na química, onde a tabela periódica utiliza o termo Família para identificar
os elementos químicos com propriedades semelhantes. Chamo a atenção ao fato de
termos entranhado em nosso ser a idéia de que os membros de uma família têm “coisas”
muito parecidas, ainda que seja o desejo de alcançar uma realização, a felicidade ou
amor; afinal de contas não importa o quão diferente seus membros possam ser, a
identidade familiar busca unificá-los.
Segundo, certamente conhecemos ou ouvimos falar de exemplos de famílias
homossexuais, mães ou pais solteiros, família onde os netos vivem com os avôs ou tios,
famílias tradicionais e diversas outras. Prestemos atenção ao fato de chamarmos de
família todas essas organizações citadas à cima. Desta forma, posso dizer com certeza
que o enunciado
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“família” contempla as mais diversas constituições e agrupamentos
familiares que nos cercam e fazem parte do nosso cotidiano.
O tema família traz uma dificuldade particular, pois, remete a uma
realidade que nos é muito próxima e que se confunde com o que somos com nossa
identidade pessoal. A família pode ser descrita como uma instituição que exerce
influência significativa durante todo o processo de desenvolvimento do indivíduo, sendo
encarada, como um grupo que apresenta uma organização complexa e que está inserida
em um contexto social amplo, mantendo com este constante interação. É no interior da
família, que aprendemos os valores, as normas, as crenças, as idéias, os modelos e os
padrões comportamentais (BIASOLI-ALVES 2004).
É na família que somos primeiro, somos e sentimos, porque é nesta organização
que aprendemos a amar, respeitar, partilhar e controlar muitos outros sentimentos que
conhecemos durante nosso viver. Como já falamos, a família apresenta uma
extraordinária rapidez de mudança nas suas relações e constituições que vêm ocorrendo
nas últimas décadas, certamente a constituição desta organização não é critério para o
sucesso, nesta não existe o certo ou errado, existe o que é o que se constituiu ou ainda o
que satisfaz seus membros.
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Enunciado entendido aqui na perspectiva foucaultiana, “(...) coisa que se transmite e se conserva, que
têm um valor, e das quais procuramos nos apropriar; que repetimos e reproduzimos e transformamos(...)”
(FOUCAULT 1995)