Com a chegada do primo, por meio da competência instaurada para /Fazer e
Ser/, “ela deixava, toda abandonada; os seus lábios (Om) prendiam-se aos dele”, a
performance se realiza e há a mudança de um estado para outro, ou seja, o desejo é
consumado. S
1
e S
2
entram em conjunção com o objeto-Valor abstrato, o prazer.
Na constatação de que a performance realizou-se, na última fase do programa
narrativo, denominada Sanção, os actantes, satisfeitos, vão cada um para um lado:
Basílio, S
2
, “Não te parece que vir eu aqui, todos os dias, pode ser reparado?” – tem-se
aqui Auto-sanção de S
2
; e em: “Foi buscar o chapéu em bicos de pés, veio beijá-la
muito, saiu”- a sanção de S
2
sobre S
1
. A Sanção de S
1
sobre S
2
se dá em: “Luísa ergueu-
se bruscamente, lembrara-lhe Sebastião! ... E com uma voz um pouco desvairada: - Já é
tão tarde! – disse”. E novamente Sanção de S
2
sobre S
1
: “ – Tens razão”. Sequência 2.
Juliana vê a sala desarrumada, encontra uma travessa de Luísa caída aos pés do
divã, confirma a desconfiança da traição de Luísa. Já sancionada no sorriso à Joana: “e
depois de tossir, devagarinho, com um sorriso para Joana: - Então a que horas veio o
primo da senhora?”. Sanção de S
3
sobre S
1
e S
2
. Sequência 3. Trata-se de uma sanção
que se camufla sob a forma de manipulação por provocação (Fazer/dever-fazer/) que
permanece virtual.
Percebe-se nas entrelinhas do texto, por meio da voz do narrador, uma visão
desencantada da vida e do ser humano. Eça não acreditava nos valores do seu tempo. E
a rigor, não acreditava em nenhum valor. O desmascaramento do cinismo e da
hipocrisia, do egoísmo e do interesse, que se camuflavam sob as convenções sociais, é o
móvel de grande parte da ficção queirosiana.
A paixão de Luísa pelo primo, nas suas manipulações para ficar com ele (suas
leituras românticas, seus pensamentos de desejo, sua solidão), passa a dar sinais de
desconforto, com pensamentos em Jorge. Mas essa moralidade perde-se nos braços de
Basílio, fazendo o jogo da máscara: parecer + não-ser. A máscara cai e revela a
hipocrisia do ser humano.
O percurso figurativo concretiza o tema / Amor x Traição / e no nível discusivo
há um percurso temático da moral passional: / Moralidade x Hipocrisia /. Esses temas
concretizam os esquemas narrativos: há uma manipulação em que o sujeito S
1
faz S
2
/quer-fazer/ e o faz /dever-fazer/ para conseguir seu objeto-valor; em seguida, na
competência, o sujeito adquire o poder e o saber fazer. Acontece a performance e o