Outra grande característica de sua identidade é a construção melódica através de
perguntas e respostas, onde muitas vezes este diálogo é feito com frases que possuem a
mesma divisão rítmica e mesma relação intervalar entre os soemas.
Logo no 1º período, o diálogo é feito entre a 1ª e 2ª frases, com a pergunta
formulada pela 1ª frase (Minha alma canta), respondida uma terça menor acima com a
mesma relação intervalar entre os soemas da frase (Vejo o Rio de Janeiro).
A única frase do 2º período, que em primeira vista aparece isolada com o
desabafo: “Estou morrendo de saudade”, não tem a mesma relação intervalar que as
anteriores, mas mantém exatamente a mesma rítmica da frase que a antecede.
O terceiro período contém duas frases idênticas, mantendo a mesma rítmica e o
mesmo alturema, com as frases: “Rio, teu mar, praia sem fim”, e “Rio, você foi feito pra
mim”.
No 4º período, suas frases “Cristo Redentor” e “braços abertos sobre a
Guanabara”, reporta-nos ao 1º período, com a única diferença, a segunda frase é
iniciada com um cromatismo entre 3 soemas: (dó#), (dó) e (dó#), com as sílabas:
(bra_çoos_aa), assim, a acomodação entre letra e métrica é exata.
O 5º período é estruturado com uma conversa entre três frases de mesma rítmica:
“este samba é só porque”, “rio eu gosto de você” e “a morena vai sambar”, sendo que a
1ª e a 3ª possuem alturemas também idênticas, e a 2º é uma resposta a anterior e a
posterior, mas uma 4ª abaixo. O que mais ressalta na elaboração das frases deste
período, é a sucessão de sincopemas, onde todas as espécies aparecem extremamente
organizadas em cada uma delas, na seguinte ordem: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 1ª e 2ª espécies.
Temos no 6º período, duas frases: “seu corpo todo balançar” e “Rio de sol, de
céu, de mar”, que também nos remetem a outro período já apresentado, o 3º período.