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Nosso
Câmpus
outubro 2014
Em ent revista ao
Jornal Nosso Câmpus,
o funcionário da Se-
ção Técnica de Gra-
duação da Faculdade
de Ciências e Letras
de Assis/UNESP, João
Paulo Zanette, disse
que a relação entre os
funcionários técnico-
-administrativos com
a reitoria, quando se
trata de reivindicações
trabalhistas, entra em
um ciclo vicioso, pois
todo ano no mês da
data base a reitoria diz
não ter dinheiro, “de-
vido à recessão, à copa,
ao papa, a um UFO”.
Disse ainda que a única
saída seria recorrer à
greve para se fazer ou-
vir. Mas, a reitoria res-
ponde tratar-se de algo
inegociável e ameaça,
apresentando números
errados ou distorcidos.
De acordo com Zanet-
te, este ano os funcio-
nários apresentaram
duas fortes razões para
a greve, uma das quais
foi a indigesta proposta
de arrocho salarial feita
pela reitoria em exer-
cício que nos ofereceu
nada além de 0% de
reajuste, recusando o
pagamento dos 5% de
aumento, referentes às
perdas históricas, ne-
gociadas em 2013, já
previstos em orçamen-
to e, em vão, votados
no C.O.
Zanette defende o di-
reito à reposição anual
de acordo com a infla-
ção. Além das perdas
históricas e da tão co-
mentada não-equipara-
ção dos rendimentos da
UNESP com os da USP
e UNICAMP, muito
defasadas, de menores
salários, do reduzido
auxí lio-alimentação
que perfazem, atual-
mente, uma diferen-
ça de R$ 250,00, e do
não-recebimento do
vale-refeição, benefí-
cios recebidos pelos
funcionários das duas
universidades estaduais
mencionadas acima.
O funcionário técni-
co defende uma união
entre os três segmen-
tos, visto que um sem
o outro não teria for-
ça, “Tendo sido aluno
deste mesmo Câmpus
e sendo hoje funcioná-
rio, expressarei minha
opinião, frisando que
outros funcionários
poderão ter pontos de
vista diferentes. A par-
ticipação de funcio-
nários, professores e
alunos nesta “luta” é
sempre cheia de reser-
vas de todos os lados.
Os três movimentos
querem e devem ca-
minhar juntos, mas,
devido à natureza de
suas reivindicações,
matêm-se desarticula-
dos”. Zanette acredita
que a própria legisla-
ção da universidade
contribui para isso.
Embora não tenha
visto acontecer, ele
sabe que tanto fun-
cionários quanto pro-
fessores já “abandona-
ram o barco” quando
conseguiram o que
queriam. “Quanto aos
alunos, seus pedidos
são legítimos e jus-
tos, porém o mesmo
fogo que acende uma
chama capaz de mu-
dar o mundo, acaba
atrapalhando a co-
municação e, às vezes,
os faz meter os pés
pelas mãos.” Para ele,
houve muita mobili-
zação neste ano para
que os três segmentos
soassem uníssonos:
as plenárias são um
claro exemplo disso e,
até o momento, têm
funcionado. A única
maneira de reverter a
realidade enfrentada
pela UNESP é a união
dos três segmentos,
em todos os pontos
possíveis. Zanette diz
que os pontos negati-
vos não se restringem
apenas ao acúmulo de
serviço e morosidade
nos procedimentos
técnico-administrati-
vos, sendo os alunos
os principais prejudi-
cados. Ele ressalta que
a área acadêmica sofre
muito para pôr em dia
o calendário que, com
certeza, adentrará bas-
tante o ano de 2015.
Em consequência, o
aluno do último ano,
que normalmente cola
grau em janeiro, apto
para exercer a profis-
são, só poderá fazê-lo
depois que o novo ca-
lendário for cumprido.
Seja para exercer em-
prego público ou em
empresa privada, seja
para iniciar mestrado,
o aluno só receberá o
certificado após o térmi-
nodo semestre letivo. “A
imprecisão destas datas
gera muito transtorno,
além de centenas de re-
clamações e infortúnios
que, infelizmente, não
somos capazes de resol-
ver. É uma experiência
desagradável atender
ligações de pais e alunos
e dar-lhes a notícia de
que não poderão fazer o
que pretendem. O custo
é elevado, mas a legiti-
midade do movimento
já foi atestada e tem foco
não apenas nos salários
dos técnicos-adminis-
trativos, mas também
nas pautas dos outros
segmentos”, conclui Za-
nette.
Os funcionários cobraram da reitoria reivindicações trabalhistas como questões salariais
Fim de greve para o
segmento técnico
Foto: João Luis Francisco