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o resultado da greve p
Marcelo Henrique
Carla Cavalcanti e
Silva, professoradoDe-
partamento de Letras
Modernas da UNESP/
Assis, a pedido do Jor-
nal Nosso Câmpus, re-
presentou o segmento
docente e discorreu a
respeito do resultado
da greve: reajuste sa-
larial, reivindicações,
propostas e assuntos
relacionados.
OReajuste Invisível
“Aproposta de 0%de
reajuste, que, segundo
um juiz do TRT, não
configurounegociação,
foi o estopim de um
descontentamento que
se agravou ao longo
dos anos e se acirrou
no ano passado, quan-
do o reajuste salarial
ficouabaixoda inflação,
não sendo atingido, em
agosto de 2013, o índi-
ce prometido, ou seja,
terminada a greve, o
compromissoassumido
peloreitorDurigannão
foi cumprido. Além do
arrocho salarial e do
clima de desconfiança
com relação à reitoria,
acredito que a crise fi-
nanceira nas três uni-
versidades paulistas,
que levou, porexemplo,
o Conselho Universi-
tário da USP aprovar
recentementeumplano
de demissão voluntária
de funcionários, tenha
evidenciadoumproble-
ma de má administra-
ção por parte dos ges-
toresdasuniversidades,
algoqueatentacontrao
funcionamentodainsti-
tuiçãopúblicadeensino
superior. Todos esses
fatores fizeram que a
greve fosse aceita por
grande parte da catego-
ria e se prolongasse por
meses. Destaco ainda a
propostadavice-reitora
em exercício, Maril-
za Cunha Rudge, feita
em agosto. Na ocasião,
foram propostos um
abono de 21%, a ser
pago apenas uma vez,
e um aumento no vale-
-alimentação de 250
reais, condicionados ao
términodomovimento,
e isso indignou forte-
menteas trêscategorias,
que radicalizaram o
movimento”.
Manifesto
“Lutamos pelo não-
-arrocho salarial, por
nosso dissídio, algo a
quetemosdireito.Tanto
é que, emnenhummo-
mento, a greve, embora
longa, foi considerada
abusiva e o juiz doTRT
entendeu que é direito,
sim, reivindicar reajus-
tes anuais, pelo menos
para cobrir a inflação.
Caso isso não ocorra,
nossos salários e, con-
sequentemente, nossas
aposentadorias serão
reduzidosdrasticamen-
te, como aconteceu e
continua acontecendo
com o salário de pro-
fessores da redepública
de ensino. No entanto,
a luta não visa apenas
à questão salarial, mas
a melhores condições
de trabalho, o que im-
plica contratar mais
funcionáriosedocentes
efetivos, para acabar
com a política de con-
tratação emergencial
desubstitutoscomsalá-
rios baixíssimos e com
quase nenhum poder
decisório, situação que
equivale à precarização
do trabalho docente.
Nicolau Sevcenko, fa-
lecido recentemente,
escreveu: “A eficácia de
desempenho é medida
em termos de sucessos
estatísticos, de capitais,
produtividadeevisibili-
dade, todosconversíveis
em valores de marke-
ting para atrair novas
parcerias, dotações e
investimentos. [...]Nes-
se sentido convém que
os vários institutos e
departamentos concor-
ram ferozmente entre
si, pelo sucesso e pelas
verbas, incrementando
odesempenhocoletivo.
O que força as equipes
a rivalizar entre si, os
professores a competir
uns com os outros e,
naturalmente, osalunos
a disputarem as bolsas,
migalhas e vagas nas
salas superlotadas. […]
Um dos sintomas mais
reveladores desse novo
quadro é a insistência
em que a avaliação dos
professores requeira de
cada um alguma for-
ma de envolvimento
em atividades admi-
nistrativas. Claro que
issopossibilitacortarao
mínimo o número de
funcionários.Mas,mais
que isso, acumplicia to-
dos nesse novo espírito
de racionalidadegeren-
cial”. É também contra
esse sistema gerencial
que lutamos por tratar-
-sedeumsistema sobre
o qual temos pouquís-
simo poder de decisão,
vindo todas asmedidas
de cima para baixo, so-
bre o qual ainda não
fizemos debates apro-
fundadosenãotivemos
possibilidade de tecer
argumentoscontrários”.
As Propostas
GREV
Foto: www.facebook.com/unesplivre
Nosso
Câmpus
outubro 2014