Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 267

tão somente como instrumento de comunicação, em sua função expressiva, ou como
instrumento de representação pelo qual o homem substitui vantajosamente o tateio
direto dos objetos do mundo por um signo capaz de intermediar sua relação com a
natureza e com outros homens. Passa a ser vista, também, como produtora de realidade,
produtora de relações sociais e produtora do sujeito.
Quando pensamos a linguagem humana como instrumento de comunicação, de
interação e de produção social esta está estruturada em forma de discurso (BRANDÃO,
1995), podendo se apresentar de forma verbal ou não-verbal. O discurso pode se
manifestar de várias maneiras, pretendendo comunicar inúmeros sentidos e
significações conforme o contexto no qual se insere, segundo as condições nas quais é
produzido e, sobretudo, conforme a ideologia à qual se vincula.
Uma forma de se tentar compreender os sentidos do discurso, sejam aqueles
produzidos e contidos implicitamente na linguagem ou aqueles dados explicitamente em
sua superfície, é pela
Análise do Discurso
. Segundo Orlandi (1999, p. 15) “[...] o
discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do
discurso observa-se o homem falando [...]”; – portanto, a análise discursiva é feita se
debruçando sobre os efeitos e sentidos produzidos pelos artifícios da linguagem
utilizados na construção do texto (material tomado para análise) e pelas suas relações
com a exterioridade que o “emoldura”, ou seja, o contexto no qual está inserido e que é
também tomado como produtor de sentido.
Linguagem em funcionamento é a linguagem praticada, em circulação,
veiculada por instituições como a mídia, a educação, a ciência, a religião, a arte ou por
práticas conversacionais diversas espalhadas pelo cotidiano.
O fundamental neste entendimento da linguagem é que:
[...] não se trata de transmissão de informação apenas, pois, no funcionamento da
linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela história,
temos um complexo processo de constituição desses sujeitos e produção de sentidos e
não meramente transmissão de informação (ORLANDI, 1999, p. 21).
Assim, o discurso será pensado como construído coletivamente; – portanto, a
Análise do Discurso levará em conta não
o
discurso de um sujeito isolado, imutável,
mas sim
um
tipo de discurso que tem suas significações de ordem coletiva, “[...] o
signo, que é social por natureza [...]”, lembrando Saussure (2000, p. 25) em seu
Curso
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