Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 203

dito
(articulado sob a forma de uma arenga, de um sermão, de um panfleto,
de uma exposição, de um programa, etc.)
Ou seja, formação discursiva, a partir de uma conjuntura sócio-histórica dada é
estabelecido o que pode e deve ser dito. E permite compreender o processo de formação
dos sentidos.
Outro conceito relevante é o silenciamento, silêncio que remete ao sentido. Para
Orlandi:
[...] o silêncio não é mero complemento da linguagem. Ele tem significância
própria. E quando dizemos fundador estamos afirmando esse seu caráter
necessário e próprio. Fundador não significa “originário”, nem o lugar do
sentido absoluto. Nem tampouco que haveria, no silêncio, um sentido
independente, auto-suficiente, preexistente. Significa que o silêncio é
garantia do movimento de sentidos (2007, p.23)
O silêncio aponta pra uma vasta gama de possibilidades de sentido. O dito pode
estar silenciando outros dizeres. E voltamos à afirmativa de Pêcheux, pois o sentido de
uma palavra ‘não existe em si mesmo’.
ANÁLISE: REVISTAS FEMININAS
A revista Criativa (editora Globo), Gloss (editora Abril) e Corpo a corpo (editora
Escala) foram selecionadas, pois tem por princípio a valorização da mulher e serem
direcionadas ao publico feminino, ou seja, é a projeção da nova mulher ideal para a
própria mulher. À primeira vista estas revistas não podem ser consideradas machistas,
nem feministas, mas sim femininas. No entanto enquanto revistas direcionadas às
mulheres propõem-se a defender a beleza e independência da mulher. É perceptível,
porém, que tais revistas reproduzem conceitos machistas estabelecidos ao longo do
muitos anos na sociedade e ao mesmo tempo criam a “nova Amélia”.
Na revista Corpo a corpo, o foco é o
fitness
, boa forma e padrões de beleza. Em
edição extra que compacta três edições, as 650 páginas são dedicadas a busca pelo
corpo perfeito, pelo cabelo perfeito, pela maquiagem perfeita...
O parâmetro de perfeição sempre são artistas, modelos, celebridades que se
colocam como símbolos de beleza. Reforçando assim o discurso machista onde a
feminilidade é vista como um estado natural a ser conservado e estabelece uma
perspectiva de busca pela perfeição e não mais apenas de estado natural.
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