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ALICE
PIFFER CANABRAVA (1911-2003)
Alice Piffer Canabrava foi uma das fundadoras da ANPUH (de
início Associação dos Professores Universitários de História,
hoje Associação Nacional de História) e também da Revista
Brasileira de História.
Nasceu em 1911 na cidade de Araras, à época uma cidade
tipicamente cafeeira do interior de São Paulo. Concluída a
escola normal, Alice Canabrava dedicou-se ao ensino público
primário em escolas do interior de São Paulo, mostrando especial
interesse pela alfabetização das crianças pobres.
De 1935 a 1937, cursou História e Geografia na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, dando
início a um novo rumo em sua vida profissional. Foi aluna de
conhecidos professores brasileiros como Afonso Taunay e Plínio
Ayrosa. Mas suas principais influências vieram de dois
conhecidos mestres franceses: em Geografia, Pierre Monbeig e em
História Geral, Fernand Braudel. Sem dúvida, a influência destes
dois mestres foi fundamental para definir o padrão de pesquisa
presente nos principais trabalhos de Alice Canabrava.
Sua tese de doutoramento, defendida em 1942 - o conhecido
trabalho O Comércio Português no Rio da Prata, 1580-1640 - foi
elaborada já como assistente da cadeira de História da América
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Claramente
identificada com a História Econômica, esta tese de Alice
Canabrava talvez seja o primeiro exemplo de uma pesquisa
tipicamente acadêmica de História Econômica, especialmente
porque amplamente fundada em fontes primárias.
Concluído o doutorado, Alice Canabrava se credenciava para novos
degraus da carreira universitária. E em 1946, aberto o concurso
para a cátedra de História da América, ela se candidatou com a
tese A indústria do açúcar nas ilhas inglesas e francesas da
Antilhas, 1696-1755, competindo com o regente da cátedra,
Astrogildo Rodrigues de Mello. Derrotada no concurso para a
cátedra, Alice Canabrava obteve, como era regulamentar, o título
de livre-docente. Porém, inconformada, demitiu-se da Faculdade
de Filosofia, solicitando ao reitor um novo enquadramento na
Universidade.
Em 1946, integrou-se ao corpo de pesquisadores da Faculdade de
Ciências Econômicas e Administrativas da USP. Finalmente, em
1951, prestou o concurso para essa cátedra, apresentando a tese
O desenvolvimento da cultura do algodão na Província de São
Paulo - 1861-1875. Como catedrática da FCEA-USP (depois FEA-USP)
permaneceu até 1981 quando se aposentou compulsoriamente,
completando mais de 50 anos de dedicação ao magistério primário,
secundário e superior.
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