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Trazer
para a comunidade acadêmica, mesmo que fragmentariamente, os três
Encontros Regionais da ANPUH ocorridos neste Campus, entre 1982
e 2006, tem sido o desafio desta exposição, cujo título
sinaliza para os seus propósitos.
A
despeito dos registros desta memória arquivística, precários
e indiciários, existentes nos arquivos da ANPUH, as descobertas
ao longo das pesquisas propiciaram possibilidades ímpares para
este ato comemorativo. A começar pela relação da UNESP com
essa Associação, cujo ato fundador ocorreu no Campus
de Marília, em 19 de outubro de 1961. Essas lembranças foram
trazidas por colegas que conviveram com aqueles que foram
responsáveis pelo momento inaugural dessa Instituição Científica.
Desde então, ela vem aglutinando os profissionais da área e
definindo os rumos do debate acadêmico e dos caminhos do
conhecimento histórico no país.
Nesse
esforço para evitar o esquecimento, entretanto, o recorte é a
ANPUH Regional e sua presença no Campus da UNESP/Assis. A leitura
dos registros localizados indica-nos que, no decorrer desses 24
anos, houve significativo deslocamento do debate acadêmico e,
igualmente, do formato do evento. Se, na década de 80, os
registros indicam intenso debate político em sintonia com as
mudanças em curso na sociedade brasileira, o que é perceptível
na estruturação de suas atividades e nos convidados de renome
que integram as mesas, conferências e cursos, nos dias atuais, o
evento igualmente traduz as mudanças que perpassam a sociedade
brasileira. O tema proposto discutirá o papel do historiador (e
seu objeto), no universo fragmentado e plural da sociedade
contemporânea e, ao mesmo tempo, oferecerá aos interessados, a
partir de meios mais velozes, várias opções de atividades, tais
como: conferências, mesas redondas, grupos de trabalho temáticos,
painéis, cursos diversificados, atividades culturais, próprios
de uma associação que, ao se tornar referência, assumiu uma
característica massificada. Nessa trajetória, algumas alterações
verificam-se, também, na participação dos discentes, com a
exposição dos trabalhos de pesquisa. Se essa participação já
era garantida para os alunos de Pós-Graduação, o mesmo não
acontecia com os de graduação que se incorporam ao evento, não
apenas como aprendizes dos conteúdos e rituais acadêmicos, mas
de forma ativa, como expositores de suas pesquisas de Iniciação
Científica, em suas diversas modalidades.
Ao
retraçarmos os caminhos percorridos por esses eventos, sob a ótica
de sua sacralização memorialística, ganharam visibilidade,
nesse ritual de celebrações, além dos percursos e sujeitos
envolvidos na sua modelagem acadêmica, também aqueles que
atuaram nos bastidores desses acontecimentos.
No
rastro dessa memória de si, a partir do conjunto de atividades e
dos significados atribuídos pelos idealizadores e participantes
no evento, nessa exposição procuramos colocar em evidência o
circuito completo de seu acontecer, que inclui não só a temática
e os expositores, as atividades culturais, mas aqueles que,
"invisíveis", igualmente oferecem o suporte para sua
materialidade e ajudam a engrenagem a funcionar: os funcionários,
os alunos que trabalham como monitores e a imprensa.
No
caso da imprensa, merece lembrar o seu papel, pois ela se
constitui no elo entre os circuitos acadêmicos e a sociedade.
Divulga a programação, mas volta os holofotes para os temas e
celebridades que são signos de suas (e nossas) projeções, a
partir da premissa do interesse da notícia para o público
leitor.
Assim,
para a realização dessa exposição, tivemos que percorrer o
mesmo circuito de qualquer outro assunto, que passou pela consulta
a pessoas, pesquisa nos jornais locais depositados nos acervos do
CEDAP e uma equipe ampla, de alunos, professores e funcionários
para executá-la, atendendo a propósitos diversos, mas sua matriz
é o curso de extensão Patrimônio e Memória.
Ao
concluirmos este breve preâmbulo, por precaução, convém
assinalar que recordar não é um ato ingênuo: envolve lembranças
e esquecimentos, mesmo no percurso de uma memória arquivística,
como a presente exposição.
Profª
Drª Zélia Lopes da Silva
Supervisora
do CEDAP
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