(MAINGUENEAU, 2006, p.19). O dinamismo de cada regra de formação, com suas
falhas e trocas, é o que torna possível conceber as regularidades de uma unidade
discursiva num sistema de dispersão de enunciados. Assim, “se há unidade, ela não está
na coerência visível e horizontal dos elementos formados; reside, muito antes, no
sistema que torna possível e rege sua formação”
(FOUCAULT, 2008, p. 80).
Os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos e as escolhas estratégicas, ou
seja, as quatro regras de formações da FD, não são independentes umas em relação às
outras. Há sempre um quadro de relações operante. Assim,
No caso em que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante
sistema de dispersão e, no caso em que entre os objetos, os tipos de enunciação, os
conceitos, as escolhas temáticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem,
correlações, posições e funcionamentos, transformações), diremos, por convenção, que
se trata de uma formação discursiva (FOUCAULT, 2008, p. 43).
A formação discursiva é, portanto, a unidade que se constata nas regularidades
entre objeto, conceito, teoria e sujeito, numa série de enunciados, o que permite definir,
por exemplo, o discurso sobre a sustentabilidade. Tal unidade não pode ser delimitada
“por outras fronteiras senão aquelas estabelecidas pelo pesquisador; e elas devem ser
especificadas historicamente. Os
corpora
aos quais elas correspondem podem conter
um conjunto aberto de tipo e de gêneros do discurso, de campos e de aparelhos, de
registro” (MAINGUENEAU, 2006, p. 16).
O sujeito do discurso no método arqueológico de Foucault
A noção de sujeito, em Foucault, é a de um lugar determinado e ao mesmo
tempo vazio que pode ser ocupado por indivíduos diferentes. Há uma relação entre três
regras que forma esse lugar, são elas: o
status
de quem tem o direito a pronunciar o
enunciado, os
lugares institucionais
de onde o sujeito enunciador obtém seu discurso e
as
posições sujeito
que se definem pela situação que lhes são possíveis ocupar em
relação aos diversos domínios ou grupos de objetos.
Estas regras são os (sub)níveis que organizam a formação das modalidades
enunciativas proposta por Foucault (2008), a qual tem o propósito de demonstrar “a lei”
de todas as diversas enunciações e o lugar de onde elas vêm, com o objetivo de aclarar
porquê aparecem certos enunciados e não outros em seus lugares.