estratégica isto corresponderia, relacionando estes discursos com a prática da
exploração capitalista, servindo esta de elemento extradiscursivo para se estudar a
estratégia destes discursos todos.
Percebe-se neste campo de interdiscursividades, de um lado, uma instância
composta por trabalhadores de baixa renda, insatisfeitos com as condições de existência
em que estão inseridos. De outro, está todo o resto da sociedade, composta por
empregadores, lideranças políticas, trabalhadores de diversas áreas do conhecimento,
formadores de opinião etc. Nessa segunda instância coexistem entidades de apoio à luta
da categoria pela igualdade perante os demais trabalhadores, bem como aqueles que
lutam para coibir todo e qualquer tipo de estratégia que possibilite a esses trabalhadores
um tratamento mais equânime.
Devido a aspectos sociais e ideológicos, as relações entre os sujeitos são
marcadas por debates e oposição, em que as palavras revelam a presença de diferentes
discursos e expressam a posição de grupos acerca de um mesmo tema. Com isso, os
discursos sofrem transformações sociais e políticas inerentes à natureza humana, de
forma, pois, que os sentidos de um discurso evidenciam suas condições sócio-históricas
e ideológicas de produção, ou seja, “as palavras têm sentido em conformidade com as
formações ideológicas em que os sujeitos (interlocutores) se inscrevem”
(FERNANDES, 2008, p. 16).
O lugar socioideológico ocupado pelos sujeitos do discurso determina não só o
sentido, mas também o poder, vez que “se instaura um campo de conflitos no qual
diferenças sociais coexistem” (
ibidem
, p. 17). Tal fenômeno explica a existência de
vozes ofuscadas em situação de exclusão e pobreza.
De fato, se de um lado existem aqueles que atuam como apoio de determinada
ideia, posição, movimento, de outro, há um combate, uma força contrária. Dentro de
uma sociedade existem numerosas relações de poder, em diferentes níveis, onde umas
se apoiam sobre as outras e onde umas contestam as outras. Essa disputa leva à
formação de diferentes discursos e diversas formações ideológicas, e é direcionada
pelos saberes e poderes que possuem seus sujeitos.
A propósito, Foucault (2005) afirma que o discurso estabelecido e discutido não
serve para se chegar à verdade, mas para vencê-la. É um jogo, um jogo de poderes. Com
efeito, a prática do discurso não é dissociável do exercício do poder. “Falar é exercer