Titão Passos atuando como um advogado de defesa fará considerações
semelhantes às de Sô Candelário:
“Pode ter crime para o Governo, para delegado e juiz-de-
direito, para tenente de soldados. Mas a gente é sertanejos, ou não é sertanejos? Ele quis vir
guerrear, veio – achou guerreiros! Nós não somos de guerra?” (ibidem, p. 269)
Titão Passos
separa apenas os homens de governo, soldados e juízes. Para o jagunço, apenas essas
categorias sociais cultuam a noção de crime. Guerreiros não cometem crimes, sendo
assim, Zé Bebelo por ser também um homem de guerra como os jagunços o são, não é
criminoso. “–“:..E mortes tantas, isso não é culpa de chefe nenhum”.” (ibidem, p. 277).
Além de anular a culpa de qualquer chefe jagunço que viesse a matar alguém em campo
de batalha, Titão Passos considera Zé Bebelo um chefe, assim como Joca Ramiro. Zé
Bebelo pela voz de Titão Passos já é da mesma categoria que os chefes, portanto deve
ser julgado como um igual.
O último fator de
misturamento
que é manifestado pelo jagunços em seu
depoimento parte de Gú e se manifesta na mente de Riobaldo e se refere a cortesia com
prisioneiros de guerra (ibidem, p. 272). Supondo uma situação inversa, Gú acredita que
Zé Bebelo teria piedade e pouparia o jagunço que fosse seu prisioneiro, enquanto
Hermógenes pensa o contrário. No início do depoimento de Riobaldo, em primeiro
lugar, Riobaldo reitera que Zé Bebelo é de fato um chefe jagunço e o narrador-
protagonista pensa em dizer que Zé Bebelo não matava os presos, implicando que eles
não deveriam fazê-lo também, tomando, assim, atitudes iguais ao do réu. Não o disse
porque marcaria a diferença entre eles (todos os jagunços mais Zé Bebelo) em relação a
Hermógenes e Ricardão. (ibidem, p. 275). Essa
separamento
de Hermógenes e Ricardão
estabelece tão-quanto o
misturamento
a justiça dos jagunços.
O
separamento
de Hermógenes e a justiça de Ricardão
Um julgamento padrão compreende necessariamente um réu. O julgamento em
Grande sertão: veredas
é extremamente ambíguo nesse aspecto. Seria Zé Bebelo
realmente o réu nesse julgamento jagunço? Os parâmetros legislativos do jaguncismo
nunca foram claros até que as cartas foram colocadas na mesa. Traição e perjúrio, de
acordo com Sô Candelário, esses são crimes para um jagunço. A guerra não
compreende crime, afirma Titão Passos. A evidência maior que leva à absolvição de Zé
